quarta-feira, 10 de janeiro de 2024

NOGARE, Pedro Dalle. "Humanismo e técnica"

 

NOGARE

Área: filosofia, antropologia filosófica;

Tema(s): humanismo, tecnologia, ciência, impacto humano e social;

 

NOGARE, Pedro Dalle. Humanismos e anti-humanismo: introdução à antropologia filosófica. 8a. ed. Petrópolis: Vozes, 1983. (Parte III - Situação dos humanismos hoje, cap. XV - “Humanismo e técnica”, p. 215-226)

 

p. 215

- O grande salto qualitativo no desenvolvimento da técnica

- técnica e ciência: interdependentes;

- a técnica: universo do fazer, guiado por um conjunto de normas que guiam a ação, para atingir uma finalidade: “domínio do homem sobre a natureza” - através de técnicas de produção: técnicas agrícolas, industriais, automotivas, cibernéticas...

- a ciência: universo do saber

- para Marx o indivíduo se separa do animal quando começa a produzir instrumentos de trabalho, citando B Franklin: o homem é toolmaking animal;

p. 216

- para Aristóteles e Sto. Tomás de Aquino a diferença entre homem e animais está em que o homem nasce sem proteções: couro, garras etc., mas nasce com inteligência e com mãos, que são os “instrumentos dos instrumentos”;

- para o evolucionismo: a inteligência é mais importante, o resto é consequência; há que se destacar a invenção da linguagem e a descoberta do fogo (APUD - DARWIN, A origem do homem);

- a presença de instrumentos junto aos fósseis ajuda os antropólogos a distinguir se os restos são de antropóides ou de homo sapiens;

p. 217

- a técnica se mistura com a definição de homem

- mas ao longo do séc. XX muitos intelectuais se levantaram contra a técnica e a previsão futurista apregoava uma sociedade humana dominada pelas máquinas;

- a reviravolta: até 1750: não contamos uma dúzia de descobertas técnicas; depois disso, o avanço é vertiginoso na física atômica, na bioquímica, na astrofísica;

p. 218

- após o séc. XVIII, somando-se à RI, uma avalanche de invenções e inovações trocou o instrumento do trabalho humano pela máquina: “Não é mais o instrumento o apêndice do homem: é  homem que se torna apêndice da máquina”;

- Influências da técnica na mentalidade e na praxe humana

- princípio geral: “... o homem cria o ambiente e o ambiente cria o homem”;

- a técnica acaba por sobrepor-se à natureza autêntica do homem e se manifesta como: racionalismo e instrumentalismo, materialismo e utilitarismo;

- às vésperas da II G. Guerra, Hurssel publica:

p. 219

“A crise das ciências européias e a fenomenologia transcendental”: a sociedade ocidental está em crise da filosofia e das ciências, e beira a barbárie e a morte;

- para Hurssel um certo tipo de racionalismo é que corrói por dentro o progresso da técnica acabando com o homem e com a história;

- é após G. Galilei que a ciência surge como moderna e se serve da linguagem matemática como meio para explicação do mundo;

p. 220

- o perigoso para as ciências humanas é a ânsia de entender o homem através de métodos matemáticos e quantitativos;

p. 221

- “O técnico, mais do que o cientista, vê tudo sob o aspecto da utilidade. Num certo sentido, criar utilidades é a própria função da técnica. O perigo está em que a procura destas utilidades, guiada unicamente pelo critério de ‘quanto mais tanto melhor’, acabe não ajudando mas prejudicando o homem.”

- fórmula do homem contemporâneo: Homem = produção = $; o homem vale não pelo que é, mas pelo que produz e pelo dinheiro que tem; (nota - Sófocles - sobre o dinheiro - Antígona);

p. 222

- a introdução do dinheiro no convívio humano seria como um pecado original da humanidade;

- “A fome de dinheiro perverte o homem”, torna-o capaz de trair a própria consciência;

- a preocupação como “ter” apaga a preocupação com o “ser”, que era uma preocupação das sociedades pré-tecnológicas;

- “Um exemplo concreto: a desvalorização e o descaso quase universal - também e sobretudo nas universidades - pelas ciências humanas, que visam justamente o ‘ser’ do homem, e o culto das ciências exatas e tecnológicas, voltadas exclusivamente para a produção de bens e comodidades”.

p. 223

- O feitiço ameaça o feiticeiro

- a maior ameaça da técnica pode acontecer quando ela se volta à natureza do próprio homem;

- algumas técnicas têm efeito positivo sobre o homem, outras não; e muitas vezes o homem não é capaz de uma nova tecnologia para neutralizar os efeitos negativos de outra;

- citação de W. Heisenberg: livro “A imagem da natureza na física moderna”: “... o homem pode fazer o que quiser, mas não pode querer o que quiser” p. 17;

p. 224

- citando J. Ellul - o homem passa a participar menos do processo de desenvolvimento de algumas tecnologias, pois elas passam a bastar-se a si mesmas, até mesmo contra o vontade do homem;

- a despeito da moral, da religião, a pesquisa nuclear, genética, de engenharia psicológica, seguirá até o fim, sob uma “dialética interna à própria pesquisa e técnica”, pois não consegue parar no meio do caminho;

- há sempre o perigo de um acidente nuclear;

p. 225

- enfrentamos o problema do lixo nuclear: algumas substâncias permanecem ativas por até 25.000 anos;

- nota sobre a instauração de um novo processo contra Galileu: levados pela palavras de Hurssel, alguns cientistas e filósofos quiseram abrir um processo científico, e não judicial, contra Galileu;

- defesas:    - a) como processar alguém por dizer e defender a verdade?

   - b) ele não afirmou que toda a realidade se reduziria à matemática, ele era um homem religioso;

p. 226

   - c) os pseudo-galileanos é que são culpados, pois extrapolaram as premissa de Galileu e reduziram todo saber à matemática e à geometria, negando outros tipos de saberes;

 

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