BEALS; HOIJER |
Área:, antropologia, cultura |
Tema(s): antropologia, aplicações, etnocentrismo, ciências sociais |
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BEALS, Ralph L.; HOIJER, Harry. Introducción a la antropología. 2a.
ed., Madrid: Aguilar, 1977, pp. 742-749. Col. Cultura e historia. |
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VI
- Antropologia e mundo moderno -
A aplicação de métodos científicos aos fenômenos sociais é cercada por
algumas dificuldades e descrenças: é possível fazer experimentos?, este é o
confronto entre as ciências naturais e as ciências sociais. -
Experiência de Kluckhohn: problema apresentado a um grande número de
entrevistados: como resolver o problema das escolas públicas da cidade?; Em
seguida os entrevistados respondiam em uma lista com dez itens: o primeiro
era: ver o que pensam os chefes - administradores, educadores, ministros... e
seguir sua opinião; o décimo item era: encarregar a um investigador uma
pesquisa para, posteriormente, formular uma opinião; a maioria das respostas
seguiram o primeiro item. -
Mudança de paradigma: o maior conhecimento da cultura e comportamento humanos
abre |
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caminhos
para a observação e intervenção mais efetiva da ciência. - Aplicações da antropologia no mundo moderno: - estudo da cultura - entender outras
culturas ajuda a entender a nossa cultura; - melhor compreensão de nossos
comportamentos, instituições e crenças; - relações internacionais: entendimento
de outras culturas para estabelecer critérios de relação com elas; - conceito de relatividade cultural:
cada cultura guarda um modo próprio de comportar (canibalismo, poligamia); -
Não conhecer a cultura do outro leva à arrogância e ao etnocentrismo [a
própria cultura como melhor que as demais]. |
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É um erro supor que uma cultura é a chave de solução dos problemas de outro
povo (programas de ajuda técnica da UNESCO etc.). -
As pessoas se assemelham mais quando conseguimos entendê-las. -
O impasse está em deixar claro o que se entende por “pessoas” e o que é
necessário se realmente queremos “conhecê-las”. |
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Quase todos os países têm grupos de não são considerados “pessoas”: - os
japoneses desconsideram os eta; - os brâmanes, os intocáveis; - os peruanos,
os índios; - os norte-americanos, os negros; os ingleses, os estrangeiros; -
[os brasileiros, ...]. -
Alguns norte-americanos, por exemplo, tendem a desconsiderar a cultura, a
língua, como critérios para se conhecer as pessoas mais a fundo, por
dificuldade de aceitar que algumas pessoas possam ter uma interpretação
diferente da que eles têm em relação a fenômenos comuns a toda humanidade. -
É bastante comum encontrar estrangeiros que se adaptam um tanto bem a
culturas diferentes. Isso se deve ao fato de eles terem assimilado os padrões
culturais das pessoas do lugar onde se encontram. |
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É inviável propor inovações a determinados grupos de pessoas, se não
conhecemos sua cultura a as circunstâncias nas quais eles vivem. Estas
inovações, muitas vezes mascaradas como ajuda tecnológica para o progresso,
tendem a fracassar. Exemplos: 1 - tentativa do governo mexicano de proibir os
índios otomis de beber o pulque (bebida ligeiramente alcoólica), mas que era fonte
de água e sais minerais; 2 - tentativa norte-americana de impor aos navajos a
medicina ocidental (os navajos atribuem as doenças a forças sobrenaturais). -
A industrialização é que desencadeou este grande processo de revolução
tecnológica. [Mas tecnologia é TUDO o que TODOS precisam?] |
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O papel do antropólogo é de fomentar o maior respeito aos valores culturais e
buscar caminhos de adaptação ao mundo industrializado, garantindo o direito
de todos à sua própria cultura. |
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Garantir a existência de uma cultura é não interferir no interior dela a
partir dos critérios de nossa cultura (ex.: os esquimós - em épocas de
escassez alimento, matança de anciãos e enfermos que não trabalham para
garantir comida para todos). Qualquer intervenção deveria partir do contexto
fundante da cultura em questão. -
“Se voltamos ao papel da antropologia enquanto nos ajuda a compreender a nós
mesmos, a relatividade cultural pode ser outra vez mal entendida. A comoção
motivada pelo achado de que o comportamento que consideramos mau caso seja
condenado ou inclusive aprovado em outras culturas, conduz às vezes aos
estudantes incompetentes para a crítica a acreditar que é lícito para eles abandonar
toda norma de comportamento. Semelhante ponto de vista aparece totalmente
injustificado, porque todas as culturas possuem regras morais com profundas
raízes históricas e com razões funcionais para sua existência dentro da
cultura dada. O que é mau em uma cultura pode ser considerado bom em outra, e
vice versa, precisamente pelas mesmas razões (as regras são necessárias par
ao funcionamento idôneo da cultura e para a adequada adaptação do indivíduo a
seu próprio ambiente). Respeitar os costumes de outros não equivale a dizer
que esses costumes devem ser praticados igualmente em nossa cultura.” |
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A
antropologia, como as outras ciências sociais, não pretende dar conta sozinha
da tarefa de estudar o comportamento humano e dar todas as respostas aos
problemas sociais. Ela contribui a partir de um conceito central de cultura e
das intensas comparações com tantas outras culturas. A grande tarefa é sempre
utilizar todo conhecimento em benefício de toda humanidade. |
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