MELLO |
Área: antropologia cultural |
Tema(s): história da antropologia; fases, representantes e correntes |
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MELLO, Luiz
Gonzaga de. Antropologia cultural:
iniciação, teoria e temas. 15a. ed. Petrópolis: Vozes, 2008, p, 177-197.
(Cap. V - Part 2 - História da Antropologia) 528p. 1a. ed. 1982 |
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p. 177 |
2 - História da Antropologia - este capítulo trata de um modo sumário a história da antropologia - a história da antropologia é ≠ da antropologia da história - objetivo: estudar a antropologia como fato histórico, como “...atitude humana localizada no tempo e no espaço com um mínimo de sistematização” |
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p. 178 |
- o autor segue a divisão metódica: 3 níveis de análise de Pareto: 1 - o aspecto objetivo: consistência das orientações teóricas e sua legitimidade metodológica 2 - o subjetivo: motivos que determinam a escolha teórica dos autores e seu êxito ou fracasso 3 - a utilidade: “...orientação teórica em razão de sua possível aplicação” |
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p. 179 |
- divisão da história da antropologia: - Paul Mercier: 4 fases: a pré-história (...-1835), ambições (1835-1900), descobertas (1900--1930) e conquistas (1930-...); - T. K. Penniman: 4 fases: período de formação (...-1835), período de convergência (1835-1869), período de construção (1869-1900) e período de crítica (1900-...), [é o que Mello segue] - a antropologia, como as outras ciências, não tem data exata de nascimento: “A ciência não nasce de um dia para o outro. Trata-se de um processo lento que implica em criação, acumulação e reformulação de conhecimentos”. - pais da antropologia:
Heródoto (480 ou 425- |
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p. 180 |
- Edward B. Tylor (1832-1917) ou Friederich Blumenbach (1752-1842) - finalidade do histórico da antropologia: ajudar a compreender o seu alcance 2.1 - Período de formação (... - 1835) - conforme Mercier, a pré-história da antropologia “Diz respeito a toda reflexão do homem sobre si mesmo e sobre o universo que o cerca”. [consciência de si <--> consciência do mundo / antropologia <--> cosmovisão] - o aspecto sociocultural (organização social, a cultura) pode ser visto como uma expressão da visão antropológica das sociedades, das primitivas às avançadas |
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p. 181 |
- os objetos, instrumentos e demais manifestações culturais contribuem à formação de uma visão antropológica - os povos antigos legaram parte de seus avanços a nós, muito se perdeu porque o acesso à escrita era limitado; |
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p. 182 |
- narração de Heródoto sobre a experiência encomendada por Psamético, príncipe egípcio, para saber que povo era o mais antigo [lembra o “Emílio”, “Kasper Hauser”] - duas crianças, uma egípcia e outra frígia, são cuidadas por um pastor isoladas do grupo e no silêncio, para ver qual a palavra original a ser pronunciada; e a palavra foi becos |
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que em frígio, e não em egípcio, quer dizer pão; - os romanos também contribuíram: de Lucrécio temos relatos do homem primitivo e suas ferramentas rudimentares, a divisão idade da pedra, do bronze e do ferro; |
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p. 184 |
- contribuições da Idade Média: Agostinho - “Cidade de Deus”; Avicena - um dos fundadores da medicina moderna; Averróis - evolucionista, leitor árabe de Aristóteles; Bacon - “A nova Atlântida”, sociedade utópica voltada para a ciência, estudo crítico e experimentação; |
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p. 185 |
- toda época tem sua contribuição; - as intervenções humanas vão melhorando a qualidade de vida e o homem progride - ex.: escrita: documentação de ideias, aumento da transmissão em tempo e espaço; a navegação... |
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- séc. XVIII - prepara o Iluminismo; crescente antropocentrismo; culto à razão - antes: a realidade humana era explicada pela cosmologia e pela cosmovisão - no iluminismo: inversão: o universo passa a ser explicado pela compreensão da realidade humana; - “O homem já não era visto com objeto da história - cumpridor dos desígnios de Deus - mas como agente e autor da história”. |
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p. 187 |
- fase de avanço e acesso do conhecimento científico (tipografia); avanço do método experimental e da indução; - na antropologia: - a) grande desenvolvimento da antropologia cultural - b) sistematização da antropologia física - c) surgem a pré-história e a arqueologia - a expansão marítima européia do séc. XVI trouxe à tona a presença de outros povos e os missionários e conquistadores produziram fartos relatórios sobre outros “homens” (aborígines; teoria monogenista é posta em dúvida) |
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- no séc. XVIII - há uma maior organização de viagens e expedições investigativas; |
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- o fato de aproveitar toda
viagem para coletar dados etnográficos [o filme “Mestre dos mares” ilustra
este fato] incentivou a publicação do guia “L’introduction géneral aux
voyageurs, pela sociedade Etnológica de Paris, fundada em - a antropologia física também avança nesta época - precursores: “...Leonardo da Vinci (1452-1518) com seus estudos da morfologia do corpo humano; Albrecht Dürer (1471-1528) com os estudos das medidas cranianas; Vessalius (1514-1564) com suas lições de anatomia. Não menos importantes são os nomes de Bodin, Belon, Fabrizio, Spiegel, Lineu etc. A Lineu pertence uma das mais antigas classificações das raças humanas: o Homo ferus, o Homo americanus, o Homo europeus, o Homo asiaticus, o Homo faber e o Homo monstruosus (século XVIII)”. |
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- no séc. XIX, década de 30: achados mais antigos do homem fóssil; 2.2 - Período de Convergência |
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- Boucher Perthes - 1838 - primeiro a colocar em discussão o problema da evolução da humanidade - F. Boas - 1896 - “The Limitations of Comparative Method in Anthropology” - primeira contestação mais rígida aos métodos evolucionistas de muitos antropólogos e tentativa de definir métodos mais realistas e seguros na abordagem dos fatos sócio-culturais; - este período de convergência é marcado: - pelas várias definições sobre sociedade e cultura, que surgem na Europa XVIII-XIX; - pelo surgimento de várias revistas e associações científicas; |
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- o cunho humanístico destas associações se deve ao anseio de proteger os povos primitivos da espoliação européia - é dessa época a ideia de que o antropólogo de campo é visto como um “amigo” dos povos primitivos; - a preocupação com a manutenção das formas primitivas de vida podem refletir também o desejo de conservar o objeto de estudo; 2.3 - Período de construção - marco importante deste período - Charles Darwin - 1859 - “Origens das espécies”, obra clássica sobre a evolução biológica - fundador da moderna antropologia: Edward Tylor, também evolucionista |
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- Tylor - 1871 - “Cultura Primitiva” - marco inicial para a antropologia cultural; “Aí o autor procura, com a utilização do método comparativo, mostrar a evolução pela qual passou a religião através dos tempos”. - Lewis Morgan - “A Sociedade Primitiva” - “Este procurou estabelecer o caminho seguido pela organização familiar através dos vários estágios de desenvolvimento”. - nomes importantes deste período: “...Batian, com sua teoria das ideias elementares; Bachofen, jurista suiço, que estudou a mitologia clássica e defendeu uma evolução na organização social que, segundo ele, logo após o regime de promiscuidade teria existido o matriarcado, uma espécie de ginogracia; Sumner Maine, também jurista, via na família patriarcal a unidade básica da organização social; McLennan desenvolveu a noção de paralelismo e procurou interpretar vários costumes primitivos; Edward Tylor, citado acima, é o nome mais importante para a antropologia cultural, porquanto foi ele que definiu o termo ‘cultura’ e apresentou-a como objeto da antropologia, estudou o fenômeno religioso, mas dedicou-se a todo o objeto da antropologia dando-lhe uma sistematização tanto no seu objeto como no seu método:[sic] Lewis Morgan também merece realce. É dele o clássico esquema da evolução cultural (selvageria, barbárie e civilização); igualmente muito importante é o nome de Frazer, que também se dedicou ao estudo do fenômeno religioso”. - crítica feita ao evolucionismo: ausência de pesquisa de campo, lacuna resolvida pela arqueologia e paleontologia; |
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- descobertas importantes da arqueologia e paleontologia: “...os homens fósseis, Cro-Magnon e o Pithecanthropus erectus”. 2.4 - Período de crítica - período desde 1900 até hoje: crítica aos cânones inicias da antropologia, novas abordagens, avanço das ciências afins, os meios de comunicação permitiram maior divulgação de ideias, democratização da educação, crescimento do movimento universitário, antropologia inserida em muitos currículos (Univ. Liverpool: introdução da primeira cátedra de antropologia social na Grã-Bretanha) |
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- no início do séc. XX temia-se que o desaparecimento dos povos primitivos levasse consigo a antropologia - o que ocorreu foi a mudança metodológica: do imperialismo e colonialismo europeu para o nacionalismo africano, latino-americano... - “A preocupação com o desaparecimento dos povos primitivos levou uma parcela dos estudiosos a se emprenhar numa tarefa, aparentemente de menor importância, de coletar e registrar dados sem uma maior preocupação teórica. Esse trabalho é conhecido com etnografia - a descrição dos costumes dos povos”. - contudo, a etnografia não
pode prescindir da sistematização teórica, ele necessita da compreensão do
fenômeno cultural, uma teoria a respeito da cultura, que tem |
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- nos EUA a antropologia encontra uma outra orientação, a psicológica, houve também os estudos da linguística - na Europa: Malinowski “Foi certamente o maior e o mais metódico pesquisador de campo”. - Na Inglaterra a pesquisa de campo “...era com que o coroamento da formação do antropólogo’. - nomes importantes: Malinowski - funcionalismo; Radclife-Brown, funcionalismo, criador do estruturalismo inglês; Lévi-Strauss, estruturalismo, marcado por uma teoria bem formulada, mas deficiente na metodologia de pesquisa de campo; - nos países de Terceiro Mundo o que se espera é o |
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reflorescimento dos estudos sobre a aculturação, que desemboque no surgimento da antropologia urbana, da cultura de massa; - “Não menos importante deverão ser os estudos a respeito da cultura popular, do folclore e dos efeitos da urbanização ‘patógena’ sobre as manifestações dessa cultura”. |
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