sexta-feira, 5 de janeiro de 2024

Proposta 98 – Produção de texto dissertativo: cidadania e manipulação virtual

Orientações: Use caneta azul ou preta para escrever seu texto. Considere a norma popular urbana, atentando-se para as devidas concessões à caracterização do gênero e personagens, quando houver. Coloque um título em seu texto, se o gênero permitir. Respeite as margens laterais. Para rasura, proceda da seguinte forma: rasura. Seu texto deve ter entre 25 e 30 linhas.

Proposta: as pessoas que saíram às ruas para protestar estavam exercendo sua cidadania ou estavam sendo manipuladas pelas mídias sociais?


Fragmento 1: As redes sociais: novas utilizações para velhos fins

 

            15.07.2013 - 15h16 | Atualizado em 15.07.2013 - 17h52

            Brasília - Os protestos que começaram em São Paulo no mês de junho e logo se alastraram pelo Brasil pegaram todos de surpresa, especialmente a mídia tradicional. Fato que ajuda a explicar a ênfase dada à espontaneidade das manifestações. A utilização das redes sociais reforçou ainda mais este enfoque – a comunicação pelas redes sociais é concebida como efêmera e volúvel, sem embasamento em propósitos sedimentados.

            Ao analisar a cobertura dos protestos feita pela Agência Brasil, a ouvidoria constatou uma postura mais aberta às possibilidades de outros significados em relação à utilização das redes e à espontaneidade dos protestos. Durante o período mais intenso dos protestos de rua, que começaram em São Paulo na primeira semana de junho e terminaram no Rio de Janeiro no dia 30 de junho, data da disputa da final da Copa das Confederações no Estádio do Maracanã, houve referências às redes sociais em 10% das reportagens publicadas pela Agência Brasil sobre as manifestações (45 referências em 441 textos). A frequência foi praticamente a mesma nas matérias em que o passe livre ou o Movimento Passe Livre (MPL) foi citado: 11% (12 referências em 108 textos e oito referências em 75 textos, respectivamente).

            Com base nesses percentuais, seria possível deduzir que a presença das redes sociais nos protestos recentes foi pouco expressiva, ao contrário do que aconteceu nas marchas contra a Corrupção em Brasília, no Rio de Janeiro e em São Paulo em 2011 e 2012. Dois terços das 15 matérias publicadas pela ABr sobre o assunto incluíram tais referencias. Convém lembrar, porém, que a mobilização da população por meio das redes sociais para participar nas marchas foi uma novidade que chamou a atenção da imprensa na época, além da simples quantidade de matérias serem muito menor.

            Para além da dimensão quantitativa, a cobertura dos protestos de junho registrou mudanças que acompanharam o próprio desenvolvimento da inserção das redes sociais na organização das manifestações, além de refletir as diferenças na natureza de alguns dos movimentos que as organizaram. Na cobertura das marchas contra a Corrupção, constava que as redes sociais cumpriam os objetivos de: 1) lançar a ideia; 2) convocar a manifestação; 3) registrar as confirmações de participação; e 4) explicar a orientação política a ser seguida, indicando as reivindicações, bandeiras, camisetas e outros apetrechos adequados.

            Na cobertura dos protestos de junho, observa-se que as redes sociais acumularam novas funções e que as informações disponíveis nelas foram utilizadas por outros atores além dos organizadores e seus seguidores. Das novas funções, destacam-se duas. A primeira é a utilização dos dados pelas autoridades policiais, que passaram a ter uma nova fonte para calcular o tamanho do contingente policial a designar para garantir a segurança dos eventos. Além de dar uma prévia do tamanho da multidão, “a inteligência da polícia já está trabalhando identificando nas redes sociais pessoas que possam causar algum tipo de vandalismo nos protestos”, segundo o chefe do Estado-Maior da Polícia Militar do Distrito Federal, que foi entrevistado no Programa 3 a 1 da TV Brasil. De acordo com o coronel, “o número de policiais é calculado de acordo com o grau de risco de ocorrência de atos violentos nas passeatas” [1].

            A segunda função é a utilização das redes para a divulgação de decisões coletivas em nome das organizações. Essa forma de anonimato, que caracterizou a participação do MPL no Facebook, por exemplo, durante os protestos de junho, vão além da explicação da orientação política e da indicação das reivindicações, bandeiras, camisetas, etc., feitas informalmente na preparação das marchas contra a Corrupção por pessoas que se identificaram individualmente nas redes sociais, em que os seguidores os conheciam como os organizadores das manifestações.

 

Adaptado de: http://www.ebc.com.br/noticias/brasil/2013/07/coluna-da-ouvidoria-as-redes-sociais-novas-utilizacoes-para-velhos-fins. Acesso em: 17 jul. 2013.

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