SCHAFF |
Área:
sociologia; informação; revolução tecnológica |
Tema(s):
revoluções tecnológicas, mudança social, novo homem, novo estilo de vida,
nova sociedade |
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SCHAFF, Adam. A
sociedade informática. São Paulo: UNESP/Brasiliense, 1995, pp. 141-150. |
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Cap.
X - O homem à procura de um sistema de valores -
“Se tomarmos a perspectiva do indivíduo humano como ponto de partida de
nossas reflexões subseqüentes e formularmos a pergunta acerca da questão
básica de suas relações com os outros e com a sociedade em seu conjunto,
deveremos responder então que estas relações encontram sua expressão no
sistema de valores interiorizado pelo indivíduo.” -
toda sociedade depende de um sistema de valores, interiorizados pelo
indivíduo; -
- “Em primeiro lugar, isto se refere à sua integração e à sua alienação
social: se o indivíduo reconhece os valores aceitos pela opinião pública,
então seus laços sociais são permanentes e o indivíduo está socialmente
adaptado; caso contrário, torna-se alienado em relação à sociedade.” -
o indivíduo aceita ou não este sistema: integração x alienação social; |
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o sistema de valores aceito pelo indivíduo determina toda sua reflexão e ação
e forma seu “sentido de vida”; -
há uma tendência ao conservadorismo: “método de defesa utilizado pelo
indivíduo para proteger sua personalidade” -
“tempestade de ímpeto” (Sturm und Drang): rupturas, mudanças estruturais:
antigo x novo: os indivíduos que vivem o momento de crise não alteram tanto
seu sistema de valores, a geração posterior se altera mais; |
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a sociedade industrializada afasta-se do modelo de consumo de bens: saturação
da demanda por mercados e inversão de comportamento: não mais ostentar a
riqueza, mas sim desprezá-la; -
“Antes de tudo, tendo em vista o incremento da riqueza social nos países
altamente industrializados, é provável que as pessoas se afastem dos modelos
da sociedade de consumo. O impulso ao consumo e a possibilidade de estimular
as posturas correspondentes caracterizam, neste sentido, os homens que têm
fome de mercadorias. Esta é a única situação em que o sentido de competição e
ostentação da própria riqueza é estimulado, provocando um exibicionismo
exasperado dos próprios níveis de consumo. Quando todavia se ultrapassa um
certo limite, produz-se uma sensação de saturação e a tendência se inverte:
as pessoas começam a considerar com indiferença a riqueza ostentada e a
apreciar esnobemente a exibição exacerbada de recusa a ela. Psicologicamente
isto é compreensível: este luxo só é permitido às pessoas ‘satisfeitas’, que
possuem tudo.” (O autor dá como exemplo os hippies, provenientes de famílias abastadas, mas hoje poderíamos
citar o dr. Hollywood em seu programa de
TV.) |
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“Pode-se prever, com boa probabilidade de acerto, que a riqueza material
perderá seu caráter de valor que determina - como acontece hoje - o objetivo
da atividade humana -
“O egoísmo estreito, tão comum hoje em dia, está ligado principalmente ao
medo da penúria, ainda que este medo seja na maioria dos casos apenas
imaginário.” -
a descoberta do “ser” e não do “ter” permitirá o ressurgimento do altruísmo,
do engajamento social e do igualitarismo; |
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sob o primado do “ser”: surge um novo indivíduo: trabalhador criativo - novo status conferido pela intelligentsia, nos países altamente
industrializados; -
“Se ‘ser’ em lugar de ‘ter’ se converter em valor principal, então o status social do indivíduo será
determinado antes de tudo pelas funções sociais criativas: quanto mais
importante a função, mais elevado será o status
social de quem a desempenha. Isto vale dizer que afetará não só os cientistas
e artistas (no sentido amplo do termo), mas também as pessoas que se dedicam
à política, à organização da vida social etc., cuja atividade também possui
um caráter intelectualmente criativo.” -
a liberdade ainda é o eixo da mudança do sistema de valores; |
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“O progresso social consiste, entre outras coisas, no aparecimento de novas
necessidades, que se fazem acompanhar, na experiência humana, do nascimento
de novos valores. Este processo ocorrerá na base das mudanças que a atual revolução
industrial produzirá na vida social. Isto tem a ver com o problema da
liberdade como valor na medida em que o significado deste valor se
fortalecerá na sensibilidade humana. Nesta direção funcionarão tanto a maior
independência material quanto a necessidade objetiva de liberdade de
pensamento como condição para o desenvolvimento da ciência.” -
nessa mudança atuam forças contrárias: “impulso pelas formas coletivas de
vida humana” e “a tendência ao isolamento do indivíduo e sua alienação
resultante das novas formas de atividade humana na sociedade informática.” |
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se dará o acirramento entre democracia e totalitarismo; -
a tendência coletivista pode se tornar base psicológica para a tendência
totalitária; -
também haverá crescimento da fé religiosa como valor na futura sociedade
informática; |
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a fé religiosa não desaparecerá; -
sobre pensar no fim da fé: “A fonte do erro é inerente à convicção de que o
conhecimento científico abarca toda a esfera dos interesses e dos problemas
humanos.” -
a ciência está em progresso infinito de busca do conhecimento, que não é
absoluto, mas cujo limite é a ignorância; -
“Isto significa que em cada etapa do desenvolvimento sempre existirão
‘lacunas’ que poderão ser preenchidas apenas por meio de perguntas e não de
respostas concretas.” -
os neo-positivistas erraram ao excluir a metafísica da roda de discussão
científica; |
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se a metafísica é um terreno obscuro para a ciência, como a ciência pode dar
resposta a tudo o que existe? -
“O problema está em saber se existirá (sic) no novo período pessoas que
sentirão necessidade da fé.” -
o número destas pessoas será maior que hoje, sobretudo entre os cientistas
das ciências naturais e exatas, nas últimas sobretudo; -
mito racionalista: “... o conhecimento profundo da natureza afasta as pessoas
da religião”; o que se dá é o oposto: a ciência mostra as “lacunas” do nosso
conhecimento “... e precisamente o interesse pelos problemas do infinito faz
com que muitos representantes desse âmbito de investigação se aproximem do
misticismo. O certo é que quanto mais sabemos sobre a realidade, mais claro
será o horizonte de nossa ignorância.” -
tendências: de um lado uma fé “... elitista e sublimada, privada de todas as
superstições e representações simbólicas destinadas aos ‘pobres de espírito’;
será, portanto uma fé muito mais profunda.”, e de outro lado uma fé dos
sofredores, e daqueles que psicologicamente se refugiam na religião “... por
uma compensação dos fatores alienantes da nova conditio humana da sociedade informática.” |
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impulso pela “vida comunitária”, mais presente entre os jovens, que se
voltarão mais ás seitas que se baseiam na meditação; |
Questionamentos
- Quais serão os novos valores da sociedade daqui a 15 ou 20 anos?
- Segundo Adam SCHAFF (1995), quais são os novos valores que o homem da sociedade informática busca?
Esquema feito a partir de algumas idéias do texto:
“O homem à procura de um sistema de
valores”
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