segunda-feira, 15 de abril de 2024

SCHAFF, Adam. A sociedade informática - Cap. X - O homem à procura de um sistema de valores

 

SCHAFF

Área: sociologia; informação; revolução tecnológica

Tema(s): revoluções tecnológicas, mudança social, novo homem, novo estilo de vida, nova sociedade

 

SCHAFF, Adam. A sociedade informática. São Paulo: UNESP/Brasiliense, 1995, pp. 141-150.

 

 

p. 141

Cap. X - O homem à procura de um sistema de valores

 

- “Se tomarmos a perspectiva do indivíduo humano como ponto de partida de nossas reflexões subseqüentes e formularmos a pergunta acerca da questão básica de suas relações com os outros e com a sociedade em seu conjunto, deveremos responder então que estas relações encontram sua expressão no sistema de valores interiorizado pelo indivíduo.”

- toda sociedade depende de um sistema de valores, interiorizados pelo indivíduo;

- - “Em primeiro lugar, isto se refere à sua integração e à sua alienação social: se o indivíduo reconhece os valores aceitos pela opinião pública, então seus laços sociais são permanentes e o indivíduo está socialmente adaptado; caso contrário, torna-se alienado em relação à sociedade.”

- o indivíduo aceita ou não este sistema: integração x alienação social;

p. 142

- o sistema de valores aceito pelo indivíduo determina toda sua reflexão e ação e forma seu “sentido de vida”;

- há uma tendência ao conservadorismo: “método de defesa utilizado pelo indivíduo para proteger sua personalidade”

- “tempestade de ímpeto” (Sturm und Drang): rupturas, mudanças estruturais: antigo x novo: os indivíduos que vivem o momento de crise não alteram tanto seu sistema de valores, a geração posterior se altera mais;

p. 143

- a sociedade industrializada afasta-se do modelo de consumo de bens: saturação da demanda por mercados e inversão de comportamento: não mais ostentar a riqueza, mas sim desprezá-la;

- “Antes de tudo, tendo em vista o incremento da riqueza social nos países altamente industrializados, é provável que as pessoas se afastem dos modelos da sociedade de consumo. O impulso ao consumo e a possibilidade de estimular as posturas correspondentes caracterizam, neste sentido, os homens que têm fome de mercadorias. Esta é a única situação em que o sentido de competição e ostentação da própria riqueza é estimulado, provocando um exibicionismo exasperado dos próprios níveis de consumo. Quando todavia se ultrapassa um certo limite, produz-se uma sensação de saturação e a tendência se inverte: as pessoas começam a considerar com indiferença a riqueza ostentada e a apreciar esnobemente a exibição exacerbada de recusa a ela. Psicologicamente isto é compreensível: este luxo só é permitido às pessoas ‘satisfeitas’, que possuem tudo.” (O autor dá como exemplo os hippies, provenientes de famílias abastadas, mas hoje poderíamos citar o dr. Hollywood em seu programa de TV.)

p. 144

- “Pode-se prever, com boa probabilidade de acerto, que a riqueza material perderá seu caráter de valor que determina - como acontece hoje - o objetivo da atividade humana em massa. Quando se tem tudo o de que se necessita para levar uma vida humana de alto nível, a cumulação de riqueza e a conversão desta em objetivo principal da vida tornam-se desnecessárias e até mesmo ridículas.”

- “O egoísmo estreito, tão comum hoje em dia, está ligado principalmente ao medo da penúria, ainda que este medo seja na maioria dos casos apenas imaginário.”

- a descoberta do “ser” e não do “ter” permitirá o ressurgimento do altruísmo, do engajamento social e do igualitarismo;

p. 145

- sob o primado do “ser”: surge um novo indivíduo: trabalhador criativo - novo status conferido pela intelligentsia, nos países altamente industrializados;

- “Se ‘ser’ em lugar de ‘ter’ se converter em valor principal, então o status social do indivíduo será determinado antes de tudo pelas funções sociais criativas: quanto mais importante a função, mais elevado será o status social de quem a desempenha. Isto vale dizer que afetará não só os cientistas e artistas (no sentido amplo do termo), mas também as pessoas que se dedicam à política, à organização da vida social etc., cuja atividade também possui um caráter intelectualmente criativo.”

- a liberdade ainda é o eixo da mudança do sistema de valores;

p. 146

- “O progresso social consiste, entre outras coisas, no aparecimento de novas necessidades, que se fazem acompanhar, na experiência humana, do nascimento de novos valores. Este processo ocorrerá na base das mudanças que a atual revolução industrial produzirá na vida social. Isto tem a ver com o problema da liberdade como valor na medida em que o significado deste valor se fortalecerá na sensibilidade humana. Nesta direção funcionarão tanto a maior independência material quanto a necessidade objetiva de liberdade de pensamento como condição para o desenvolvimento da ciência.”

- nessa mudança atuam forças contrárias: “impulso pelas formas coletivas de vida humana” e “a tendência ao isolamento do indivíduo e sua alienação resultante das novas formas de atividade humana na sociedade informática.”

p. 147

- se dará o acirramento entre democracia e totalitarismo;

- a tendência coletivista pode se tornar base psicológica para a tendência totalitária;

- também haverá crescimento da fé religiosa como valor na futura sociedade informática;

p. 148

- a fé religiosa não desaparecerá;

- sobre pensar no fim da fé: “A fonte do erro é inerente à convicção de que o conhecimento científico abarca toda a esfera dos interesses e dos problemas humanos.”

- a ciência está em progresso infinito de busca do conhecimento, que não é absoluto, mas cujo limite é a ignorância;

- “Isto significa que em cada etapa do desenvolvimento sempre existirão ‘lacunas’ que poderão ser preenchidas apenas por meio de perguntas e não de respostas concretas.”

- os neo-positivistas erraram ao excluir a metafísica da roda de discussão científica;

p.  149

- se a metafísica é um terreno obscuro para a ciência, como a ciência pode dar resposta a tudo o que existe?

- “O problema está em saber se existirá (sic) no novo período pessoas que sentirão necessidade da fé.”

- o número destas pessoas será maior que hoje, sobretudo entre os cientistas das ciências naturais e exatas, nas últimas sobretudo;

- mito racionalista: “... o conhecimento profundo da natureza afasta as pessoas da religião”; o que se dá é o oposto: a ciência mostra as “lacunas” do nosso conhecimento “... e precisamente o interesse pelos problemas do infinito faz com que muitos representantes desse âmbito de investigação se aproximem do misticismo. O certo é que quanto mais sabemos sobre a realidade, mais claro será o horizonte de nossa ignorância.”

- tendências: de um lado uma fé “... elitista e sublimada, privada de todas as superstições e representações simbólicas destinadas aos ‘pobres de espírito’; será, portanto uma fé muito mais profunda.”, e de outro lado uma fé dos sofredores, e daqueles que psicologicamente se refugiam na religião “... por uma compensação dos fatores alienantes da nova conditio humana da sociedade informática.”

p. 150

- impulso pela “vida comunitária”, mais presente entre os jovens, que se voltarão mais ás seitas que se baseiam na meditação;

            Questionamentos

 

- Quais serão os novos valores da sociedade daqui a 15 ou 20 anos?

 

- Segundo Adam SCHAFF (1995), quais são os novos valores que o homem da sociedade informática busca?

 

 

            Esquema feito a partir de algumas idéias do texto:

 

            “O homem à procura de um sistema de valores”

 




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