NOGARE |
Área: filosofia, antropologia filosófica; |
Tema(s): humanismo, tecnologia, ciência, impacto humano e social; |
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NOGARE, Pedro Dalle. Humanismos
e anti-humanismo: introdução à antropologia filosófica. 8a. ed.
Petrópolis: Vozes, 1983. (Parte III - Situação dos humanismos hoje, cap. XV -
“Humanismo e técnica”, p. 215-226) |
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p. 215 |
- O grande salto qualitativo no desenvolvimento da técnica - técnica e ciência: interdependentes; - a técnica: universo do fazer, guiado por um conjunto de normas que guiam a ação, para atingir uma finalidade: “domínio do homem sobre a natureza” - através de técnicas de produção: técnicas agrícolas, industriais, automotivas, cibernéticas... - a ciência: universo do saber - para Marx o indivíduo se separa do animal quando começa a produzir instrumentos de trabalho, citando B Franklin: o homem é toolmaking animal; |
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p. 216 |
- para Aristóteles e Sto. Tomás de Aquino a diferença entre homem e animais está em que o homem nasce sem proteções: couro, garras etc., mas nasce com inteligência e com mãos, que são os “instrumentos dos instrumentos”; - para o evolucionismo: a inteligência é mais importante, o resto é consequência; há que se destacar a invenção da linguagem e a descoberta do fogo (APUD - DARWIN, A origem do homem); - a presença de instrumentos junto aos fósseis ajuda os antropólogos a distinguir se os restos são de antropóides ou de homo sapiens; |
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p. 217 |
- a técnica se mistura com a definição de homem - mas ao longo do séc. XX muitos intelectuais se levantaram contra a técnica e a previsão futurista apregoava uma sociedade humana dominada pelas máquinas; - a reviravolta: até 1750: não contamos uma dúzia de descobertas técnicas; depois disso, o avanço é vertiginoso na física atômica, na bioquímica, na astrofísica; |
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p. 218 |
- após o séc. XVIII, somando-se à RI, uma avalanche de invenções e inovações trocou o instrumento do trabalho humano pela máquina: “Não é mais o instrumento o apêndice do homem: é homem que se torna apêndice da máquina”; - Influências da técnica na mentalidade e na praxe humana - princípio geral: “... o homem cria o ambiente e o ambiente cria o homem”; - a técnica acaba por sobrepor-se à natureza autêntica do homem e se manifesta como: racionalismo e instrumentalismo, materialismo e utilitarismo; - às vésperas da II G. Guerra, Hurssel publica: |
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p. 219 |
“A crise das ciências européias e a fenomenologia transcendental”: a sociedade ocidental está em crise da filosofia e das ciências, e beira a barbárie e a morte; - para Hurssel um certo tipo de racionalismo é que corrói por dentro o progresso da técnica acabando com o homem e com a história; - é após G. Galilei que a ciência surge como moderna e se serve da linguagem matemática como meio para explicação do mundo; |
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p. 220 |
- o perigoso para as ciências humanas é a ânsia de entender o homem através de métodos matemáticos e quantitativos; |
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p. 221 |
- “O técnico, mais do que o cientista, vê tudo sob o aspecto da utilidade. Num certo sentido, criar utilidades é a própria função da técnica. O perigo está em que a procura destas utilidades, guiada unicamente pelo critério de ‘quanto mais tanto melhor’, acabe não ajudando mas prejudicando o homem.” - fórmula do homem contemporâneo: Homem = produção = $; o homem vale não pelo que é, mas pelo que produz e pelo dinheiro que tem; (nota - Sófocles - sobre o dinheiro - Antígona); |
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p. 222 |
- a introdução do dinheiro no convívio humano seria como um pecado original da humanidade; - “A fome de dinheiro perverte o homem”, torna-o capaz de trair a própria consciência; - a preocupação como “ter” apaga a preocupação com o “ser”, que era uma preocupação das sociedades pré-tecnológicas; - “Um exemplo concreto: a desvalorização e o descaso quase universal - também e sobretudo nas universidades - pelas ciências humanas, que visam justamente o ‘ser’ do homem, e o culto das ciências exatas e tecnológicas, voltadas exclusivamente para a produção de bens e comodidades”. |
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p. 223 |
- O feitiço ameaça o feiticeiro - a maior ameaça da técnica pode acontecer quando ela se volta à natureza do próprio homem; - algumas técnicas têm efeito positivo sobre o homem, outras não; e muitas vezes o homem não é capaz de uma nova tecnologia para neutralizar os efeitos negativos de outra; - citação de W. Heisenberg: livro “A imagem da natureza na física moderna”: “... o homem pode fazer o que quiser, mas não pode querer o que quiser” p. 17; |
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p. 224 |
- citando J. Ellul - o homem passa a participar menos do processo de desenvolvimento de algumas tecnologias, pois elas passam a bastar-se a si mesmas, até mesmo contra o vontade do homem; - a despeito da moral, da religião, a pesquisa nuclear, genética, de engenharia psicológica, seguirá até o fim, sob uma “dialética interna à própria pesquisa e técnica”, pois não consegue parar no meio do caminho; - há sempre o perigo de um acidente nuclear; |
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p. 225 |
- enfrentamos o problema do lixo nuclear: algumas substâncias permanecem ativas por até 25.000 anos; - nota sobre a instauração de um novo processo contra Galileu: levados pela palavras de Hurssel, alguns cientistas e filósofos quiseram abrir um processo científico, e não judicial, contra Galileu; - defesas: - a) como processar alguém por dizer e defender a verdade? - b) ele não afirmou que toda a realidade se reduziria à matemática, ele era um homem religioso; |
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p. 226 |
- c) os pseudo-galileanos é que são culpados, pois extrapolaram as premissa de Galileu e reduziram todo saber à matemática e à geometria, negando outros tipos de saberes; |