Introdução
Este texto é uma síntese dos capítulos “A relação entre a
Igreja Católica e as tecnologias da comunicação” e “A Igreja Católica e a
comunicação na América Latina” referentes ao Módulo de História da Comunicação
bem como uma rápida apreciação do conteúdo de ambos, sem a pretensão de esgotar
o assunto aqui tratado pela Dra. Joana T. Puntel.
Síntese do conteúdo dos capítulos I e III
Capítulo I - “A relação entre a Igreja Católica e as tecnologias da comunicação”
Olhando o passado
Nos
primórdios do cristianismo as comunidades cristãs acreditavam e se organizavam
de modo a comunicar a própria fé no testemunho de vida em comunidades que
viviam em clima mais fraterno e participativo.
Ao
longo da história, com o advento dos meios impressos de comunicação e,
posteriormente, do cinema e com a superação dos conceitos de que a nascente
tecnologia estava a serviço do mal, a Igreja foi se apropriando dos meios de
comunicação, embora muito vagarosamente, desde Leão XIII até Pio XII, no
reconhecimento do poder dos meios de comunicação de trabalhar com a opinião
pública e da necessidade de se utilizar também destes meios para evangelizar.
Vigilante Cura - apoio à
Legião da decência sobre o cinema
Esta
encíclica de, Pio XI, foi destinada aos bispos dos Estados Unidos e falava
sobre a Legião da Decência, que estava encarregada de pressionar os produtores
de filmes e boicotar aqueles que fossem contra a moral cristã.
É
uma encíclica de afronta à libertinagem dos diretores americanos e, por outro
lado, um reconhecimento da necessidade de desenvolvimento de uma ação que se
contrapusesse ao que é negativo. Foi um momento em que a Igreja abordou
isoladamente esta tecnologia de comunicação e se preocupou também com as suas
características quantitativas e qualitativas, enquanto meio de comunicação.
Miranda Prorsus - o primeiro grande
documento sobre a comunicação
A
encíclica de Pio XII irá tratar da comunicação ampla e detalhadamente. Dá a ela
as “boas vindas”, apresenta a disposição de que devem imbuir-se bispos, padres
e leigos no aprender esta nova tecnologia para usá-la a serviço da fé, da
promoção dos valores cristãos e da necessidade de usar do meio como “um
precioso dom de Deus”. A encíclica trata do rádio, da televisão e do cinema no
conjunto, sob a designação de comunicação, e de cada um isoladamente. Alerta
também que a finalidade destes não está vinculada aos interesses políticos e
propagandistas, mas deve ter por fins, implícita ou explicitamente, o
desenvolvimento dos valores humanos e culturais.
O Concílio Vaticano II - um ponto de partida
O
Concílio Vaticano II foi marcadamente um momento de renovação e de diálogo com
o mundo atual e busca ardorosa de saber qual é a missão da Igreja neste nosso
mundo. O Concílio Vaticano II abriu as portas à renovação e ao acompanhamento
do progresso incessante da atualidade. Tratou a respeito da Igreja agora como
“Povo de Deus”, apontou que a missão da Igreja agora é de responsabilizar-se
pelo ensino dos princípios de uma ordem social mais justa, mais conforme à lei
natural como implementação do Evangelho. Assim, justiça e paz passaram a ser
vistas como exigências da missão da Igreja. Desta retomada social nasce a opção
preferencial pelos pobres e marginalizados.
Até
hoje a Igreja vem se orientando nos princípios do Concílio Vaticano II, O nosso
atual Papa, João Paulo II, coloca o acontecimento ainda como fundamental para a
vida da Igreja moderna. O Concílio Vaticano II teve repercussões diversas em
todo mundo. Alguns países, como o Brasil e Filipinas, se familiarizaram com as
inovações conciliares; os Estados Unidos, Canadá, Grã-Bretanha, o País de Gales
e a Escandinávia já aceitaram com um otimismo um tanto moderado e prosseguiram
com as reformas propostas pelo Concílio. Já a Europa continental não se
satisfez e apresentou uma postura pessimista manifestando o sentimento de que a
Igreja declinava já há algumas décadas.
Por
fim, na guisa dos cardeais, o Vaticano II despertou uma reação ideológica. De
um lado os conservadores que desacreditavam da validade e eficácia das reformas
estruturais, porque ao aproximar-se do mundo, diziam, se contaminava facilmente
com o materialismo, o consumismo e a indiferença religiosa. De outro lado os
progressistas, que achavam que a Igreja ainda não conseguira esclarecer seus
leigos de seu papel adequado de participação e de corresponsabilidade eclesial
justamente porque as reformas necessárias foram barradas parcialmente e
impedidas de acontecer.
Inter Mirifica - a aceitação oficial da
Igreja dos meios de comunicação para desenvolver um trabalho pastoral
Aprovado
em dezembro de 1963, este decreto assinala a primeira vez que um concílio geral
dá atenção à questão da comunicação. É a primeira vez que um documento irá
assegurar a obrigação e o direito da Igreja dispor dos meios de comunicação. É
a posição oficial da Igreja de Roma para o clero e para os leigos sobre o uso
dos meios de comunicação social.
O
texto original, de 114 artigos, causou uma série de protestos nos bispos e
jornalistas franceses, americanos e alemães, o que incidiu em oposições contra
o “placet” global do documento. Contudo, o documento foi aprovada mesmo tendo
sido reduzido a 24 artigos e ter atingido o número maior de votos contra sua
aprovação entre todos os documentos do Vaticano II.
Está
presente neste decreto a reivindicação dos diretos da Igreja na posse e no uso
dos meios de comunicação para a sua ação pastoral, para educar e contribuir no
desenvolvimento da humanidade. Uma das suas mais significativas contribuições é
quanto à afirmação da garantia dos direitos à informação. O artigo 12 fala da
autoridade civil em tutelar a verdadeira e justa liberdade de informação. É uma
justificação da censura oficial do Estado com o fim de resguardar a juventude
do que é nocivo à sua idade. O decreto oficializa o Dia Mundial da Comunicação.
Por
fim, se o documento tivesse sido tratado nas seções finais do Concílio,
certamente que estaria embebido com maior vigor das ideias da inserção da
Igreja no mundo hodierno e das ideias de libertação religiosa.
Communio et Progressio - para além do
Concílio
Promulgada
pelo Papa Paulo VI, em 1971, esta instrução representa o mais avançado
documento da Igreja em relação à comunicação.
É
uma resposta à Inter Mirifica e está permeada do espírito de renovação do
Vaticano II e é incisiva ao afirmar que os meios de comunicação devem ser
usados na ação pastoral. Aponta os meios de comunicação como fatores do
progresso humano.
A
Communio et Progressio avançou em relação a Inter Mirifica na abordagem mais
detalhada dos meios de comunicação e na inovação de sues conceitos. Contudo,
não conseguiu abordar o tema enfocando a comunicação como um todo e atendo-se
somente numa proposta ética muito idealista, contradizendo o Vaticano II e a si
mesma quando considera dever da Igreja saber da reação dos homens
contemporâneos, católicos ou não, frente aos atuais acontecimentos e correntes
de pensamento.
Capítulo III - “A Igreja Católica e a comunicação na América Latina”
A Igreja e a comunicação
desde as origens
Antes
do período de modernização, no pós Segunda Guerra Mundial, as relações de
comunicação na Igreja da América Latina baseava-se no modelo ibérico e a
comunicação religiosa era mantida dentro do ciclo de “celebrações” entre as famílias
e as comunidades rurais. Com o advento da modernização, depois de 1822 mais ou
menos, teve-se o advento da “urbanização” e “secularização” e as classes média
e alta se secularizaram e se afastaram do contato com a Igreja. Por volta de
1940 o modelo de comunicação da Igreja começou a mudar, voltando-se àquele que
ainda mantinham uma fé mais robusta: os lavradores e os trabalhadores urbanos.
Neste período a militância religiosa leiga iniciou sua ascensão, não só para
suprir a falta de padres, mas também a ausência dos serviços governamentais
junto às camadas mais pobres da sociedade.
Rádio Educativa
Foi
um modo de atingir a população mais carente dentro dos moldes da comunicação
das “escolas radiofônicas”, que tem na Rádio Sutatenza, da Acción Cultural
Popular do Pe. José Joaquim Salcedo, o modelo pioneiro de educação via rádio. O
modelo foi difundido em muitos lugares da América Latina, sendo posteriormente
descentralizado, adaptado e modificado segundo as diferenças regionais etc.
MEB - experiência com
escolas radiofônicas
A
partir da iniciativa de D. Eugênio Sales, um novo modelo de escola radiofônica,
inspirado na Rádio Sutatenza Colombiana, se propagou rapidamente por todo
Norte, Nordeste e norte de Minas Gerais, alcançando já em 1966 mais de 400.00
estudantes. Os programas dessas escolas radiofônicas visavam a alfabetização e
a modificação social de conscientização. Era organizada e administrada por
leigos e supervisionada por um conselho de Bispos. Contudo, sem contar com o
apoio total dos bispos brasileiros, em 1964 o governador Carlos Lacerda, de
Guanabara (RJ), mandou confiscar algumas cópias de um impresso do MEB
(Movimento de Educação de Base) acusando-o de ser um texto comunista e de
incitar as lutas das classes sociais. O MEB resistiu ao golpe militar de 64 e
ainda hoje vem desenvolvendo seu papel conscientizador segundo os princípios do
Concílio Vaticano II.
Medellín e Puebla
A
Igreja na América Latina, desde a fundação da Conferência Episcopal
Latino-americana (CELAM) 1955, reconheceu a utilidade dos meios de comunicação
para a evangelização, mesmo tendo se voltado posteriormente à “promoção” da
doutrina católica. A partir de então vários conselhos, departamentos e
organizações foram surgindo e se encarregando de cuidar mais especificamente do
assunto comunicação, encorajando a implantação das comunicações populares e
grupais, acentuando a necessidade de desenvolver um modelo democrático e
participativo. No contexto latino-americana, segundo Valerio Fuenzalida,
desenvolveram-se quatro modelos de prática pastoral: o estabelecimento de
organização da mídia; tornar a Igreja presente na mídia; usar dos meios de
comunicação de grupo; e as alternativas da NOMIC (Nova Ordem Mundial de
Informação e Comunicação).
Comunicação social e
mudanças (1960 - 1969) - Meios de comunicação e desenvolvimento
A
Igreja não América Latina vinha afirmando seu papel em relação à comunicação
mais voltada, sob a influência do contexto de mudança social, política,
cultural, econômica e a sua relação com a teologia da libertação, para os menos
favorecidos. Com a encíclica Populorum Progressio (1967) de Paulo VI, ficou
mais acentuada a necessidade de “desenvolvimento integral”, a melhoria da
condições de vida dos mais pobres e a superação da pobreza para o crescimento
do saber de da cultura com o s demais povos.
A
teologia da libertação e a teoria da modernização influenciaram também os
documentos publicados entre 1966 1968. Sobretudo em Medellín (1968) esta
influência foi mais sentida pelo fato de que o papel dos “comunicadores” e o
uso dos meios de comunicação para a evangelização ficou em segundo plano
cedendo lugar aos debates sobre a pobreza, marginalização e subdesenvolvimento
na América Latina. A postura de Medellín quanto aos meios de comunicação ainda
é ingênua, carecendo de uma abordagem mais profunda sobre o contexto sócio-
cultural latino-americano.
Comunicação social e
libertação (1970 - 1974) - O significado dos “minimeios”
A
onda da “modernização” dos anos 70 foi questionada pela insuficiência de seus
projetos da “Aliança para o Progresso”. Deste questionamento surgem as novas
posturas críticas sobre as desigualdades sociais na América Latina, entre elas
a teologia da libertação, com uma proposta essencialmente libertadora dos modos
imperialistas das relações vigentes. Todo este movimento repercutiu não só na
crítica aos sistemas exploradores políticos, mas a nível cultural, contribuindo
para o desenvolvimento de uma abordagem acadêmica voltada especialmente para a
América Latina, repercutindo também sobre o discurso eclesiástico sobre a
comunicação. Sobretudo com o documento de Melgar (1970) a posição enganosamente
otimista dos ambientes eclesiásticos é posta a descoberto, denunciando a falta
de conhecimento sobre os meios de comunicação por parte da hierarquia. Em
contrapartida, em 1974, o documento “Perspectivas da Comunicação Social”,
desqualifica os meios de comunicação como sendo bons auxiliares à evangelização
dando prioridade aos “minimeios”.
Comunicação social e
novas situações (1975 - 1979) - as perspectivas de Puebla
Juntamente
com as novas tendências do contexto sociocultural da América Latina entre 1975
e 1979, em termos de comunicação, procurou-se aprofundar mais o pensamento da
Igreja latino-americana sobre a comunicação. O documento “Evangelização e a
Comunicação Social na América Latina” ao mesmo tempo que reconhece a importância
dos meios de comunicação para alfabetização e conscientização denuncia com
vigor o consumismo, a manipulação e o abuso dos que usam e transforma a mídia
em instrumento de poder e opressão.
O
documento de Puebla (1979) tenta aplicar ao contexto latino-americano a
exortação apostólica Evangelii Nuntiandi, abordando a pobreza, reafirmando a
opção de Medellín e hipotecando a preferência com e pelos pobres. Para
responder a esta opção o documento ainda orienta que é necessário utilizar de
uma linguagem comum própria do dia-a-dia das mulheres e dos homens de hoje.
Comunicação social:
desafios de década de 80
Na
tentativa de pôr em prática as recomendações de Puebla, a Igreja
latino-americana, através do DECOS/CELAM criou o SIAL (Serviço Informativo da
América Latina) com o objetivo de contribuir para a inter-relação crescente
entre CELAM e as Conferências Episcopais e apresentar uma imagem real da Igreja
e sua mensagem ao povo em geral e dar esclarecimentos sobre sua posição, quando
exigido.
Comunicação grupal
Os
documentos de Medellín e Puebla reforçaram a comunicação grupal fazendo dela
atividade principal da Igreja na América Latina. Consiste no uso dos meios audiovisuais
para alcançar os objetivos de evangelização e conscientização mútua,
predominada pelo diálogo e a reflexão do grupo, tornando-se um meio poderoso na
socialização das comunidades eclesiais de base, habilitando seus membros a
assumir total e consciente responsabilidade de suas convicções e ação. É uma
comunicação que via contra o autoritarismo tradicional de uma prática
verticalista de educação e de comunicação. Sua difusão encontra largo apoio de
muitas organizações da Igreja latino-americana.
Comunicação popular - a
comunicação do povo
Este
tipo de comunicação refere-se à “comunicação do povo” na América Latina e
representa uma importante dimensão da Igreja Católica em matéria de
comunicação. Surgiu de grupos de camponeses ou trabalhadores discutindo entre
ou com outros grupos os seus problemas.
É
uma maneira nova de o povo produzir a seu próprio material comunicativo a
partir da própria experiência, realidade e condições socioeconômicas. É,
sobretudo, expressão maior de uma comunidade amadurecida, comprometida e mais
consciente de que as suas ideias podem ser produzidas por vários meios da mídia
localmente.
A
prática desta comunicação popular é fruto do desejo dos documentos Medellín e
Puebla contribuindo para uma comunicação mais horizontal e
democrático-participativa.
Relação dos capítulos I e III com o módulo de “história da comunicação”
Podemos
estabelecer uma rápida relação entre o conteúdo dos capítulos sintetizados e o
módulo de “História da Comunicação” no tocante à evolução que o uso dos meios
de comunicação teve na vida hodierna do homem.
Desde
a origem da escrita, das invenções radiofônicas, telegráficas, televisivas
etc., até às modernas tecnologias multimídia de nossos dias, o espanto do homem
diante da possibilidade, da potencialidade e da capacidade de comunicar-se
esteve, até agora, encerrado num processo gradativo e ligeiro de estreitamento
de fronteiras, de revelação de conhecimentos e possibilidades novas, enfim, num
processo de redefinição dos limites de possibilidade de comunicar-se que são
peculiares do homem. Este progresso pode ser sentido também não só a nível
teórico, mas na realidade cotidiana das massas, dos grupos, enfim, de cada
homem e de cada mulher.
Desde
a abordagem do modo de comunicação
da Igreja primitiva, a Inquisição, o Vaticano II, Medellín, Puebla, até a
NOMIC, podemos perceber também o gradativo avanço que a Igreja fez quanto à sua
maneira de conceber e trabalhar com o assunto e os meios de comunicação, bem
como o avanço que fizeram os homens, desde os primeiros cristãos até às
comunidades empenhadas na comunicação popular.
O
contato com a comunicação abriu novos horizontes para o homem no seu
relacionamento interpessoal, internacional até ao fenômeno que presenciamos
hoje dos meios globalizantes de comunicação. A Igreja, na pessoa de seus
pastores e fiéis, muito se impressionou também com o advento dessa nova
tecnologia e, depois de superar uma visão pessimista do fenômeno, partiu para
uma postura mais otimista tanto na sua utilização evangelizadora quanto no
empreendimento de aprender a lidar, sem a impressão de “encantamento”, com os
conceitos novos e com o aperfeiçoar-se nas técnicas.
Penso
que esse processo gradativo de evolução, tanto no plano teorético-conceitual
quanto no plano da práxis dos meios de comunicação, tende a se estender
juntamente com os demais empreendimentos do homem. E mais, antes de nos
interrogarmos a que fim estes meios conduzem o homem, se têm a pretensão de
levar o homem a algum lugar, devemos nos interrogar e apreender a que lugar
estes meios já conduziram o homem, se é que o homem se pôs a caminho da
comunicação.
Conclusão crítica sobre os dois capítulos
Marcadamente,
estes dois capítulos deixaram bem claro qual tem sido o envolvimento da Igreja
na dimensão da comunicação social.
É
notório o profundo esforço que a Igreja fez, em seus representantes
hierárquicos e fiéis, para aproximar-se de um diálogo sempre mais sereno com os
meios de comunicação e que até hoje está ainda procurando manter este mesmo
dinamismo.
Como
outrora, também hoje é entristecedor saber do pouco caso quanto ao uso,
aprendizado e conhecimento real dos meios de comunicação, e, mesmo do fenômeno
em si, por parte de alguns seguimentos da Igreja. Esta observação, presente
nestes capítulos, não quer “endeusar” os meios de comunicação como únicos e
mais eficazes instrumentos de evangelização, pelo contrário, os meios de
comunicação aqui são apresentados de forma despretensiosa, sem, contudo, deixar
de elucidar o benefício que possa advir à evangelização no bom uso deste meio.
Em
nosso dias a comunicação assumiu um papel muito importante, sobretudo quanto à
sofisticação tecnológica e os inúmeros recursos da multimídia. Estes recursos,
e mesmo o fenômeno da comunicação em si, tiveram um duplo efeito em nossa
sociedade: ao apresentar-nos como meio eficaz de possibilidade de estreitamento
de fronteiras e de comunicação de ideias, a impressão que temos, acompanhando
toda a trajetória deste meio desde a Igreja primitiva até Puebla, etc., é de
que estes meios se mostraram susceptíveis de dois caminhos: ou a propciação de
uma comunicação mais vertical político-propagandista, controlado pelos
interesses das grandes elites empresariais etc., ou a propciação de uma
comunicação mais horizontal e participativa, visada pela Igreja, entre outras
entidades, que, mesmo inebriada pelo “encantamento diante do novo”, começou a
dar passos, ainda que “paulatinamente cautelosos”, em direção da concretização
deste projeto.
Embora
pareça-nos ser a realidade bem assim deste modo, gostaria de levantar uma
pequena questão: o fato de os meios de comunicação apresentarem esta eficácia
de possibilidade de estreitamento de fronteiras, deste as físicas às
metafísicas, entre os homens e da possibilidade de utilizar-se desses meios
tendo em vista tanto fins usurpadores como fins que visem a promoção humana e o
bem comum, podem fazer com que a essência destes meios se encerrem pura e
simplesmente neste dualismo?
Penso
que não, pois conquanto segue a essência de transmitir, informar, tornar comum,
a comunicação não pode se ver encerrada neste dualismo. Cabe ao comunicador,
por excelência, procurar plenificar o ato de comunicar em conformidade com
aquilo que requisita o sentido verdadeiro e pleno da comunicação: dar sua
contribuição na concretização do projeto de tornar o homem cada vez mais HOMEM;
e este projeto não coaduna com quaisquer formas de escravidão e alienação, mas
sim com a libertação e esclarecimento conscientizador do homem.
Referências
PUNTEL, J.
T. A Igreja Católica e a comunicação na América Latina. In: PUNTEL, J. T. A
Igreja e a democratização da comunicação. São Paulo: Paulinas, 1994. Cap.
III, p. 101-134.
PUNTEL, J. T. A relação entre a Igreja Católica e as tecnologias da comunicação. In: PUNTEL, J. T. A Igreja e a democratização da comunicação. São Paulo: Paulinas, 1994. Cap. I, p. 29-70.
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