sábado, 11 de setembro de 2021

Filosofia com texto - 1

 Leia o texto a seguir:

Fragmento para a Questão 1:

“Que as punições em geral e a prisão se originem de uma tecnologia política do corpo, talvez me tenha ensinado mais pelo presente do que pela história. Nos últimos anos, houve revoltas em prisões em muitos lugares do mundo. Os objetivos que tinham, suas palavras de ordem, seu desenrolar tinham certamente qualquer coisa de paradoxal. Eram revoltas contra toda uma miséria física que dura há mais de um século: contra o frio, contra a sufocação e o excesso de população, contra as paredes velhas, contra a fome, contra os golpes. Mas eram também revoltas contra as prisões modelos, contra os tranqüilizantes, contra o isolamento, contra o serviço médico ou educativo. Revoltas cujos objetivos eram só materiais? Revoltas contraditórias contra a decadência, e ao mesmo tempo contra o conforto; contra os guardas, e ao mesmo tempo contra os psiquiatras?” (FOUCAULT, Michel. Vigiar e Punir: nascimento da prisão. 24 ed. Petrópolis: Vozes, 2001,p. 29.)

 

1) De acordo com o este fragmento, a revolta contra as punições e a prisão tinham como raiz a busca da liberdade:

a) da sociedade

b) da política

c) do corpo

d) do controle

 

Fragmento para as questões 2 e 3:

Em proporção com a maneira de viver de milênios inteiros da humanidade, vivemos nós, homens de agora, em um tempo muito não-ético: a potência do costume está assombrosamente enfraquecida e o sentimento da eticidade anda tão refinado e tão transportado para as alturas que pode, do mesmo modo, ser designado como volatilizado. Por isso para nós, os nascidos tarde, as concepções fundamentais sobre a gênese da moral se tornam difíceis e, se apesar disso as encontramos, ficam-nos pegadas à língua e não querem sair: porque soam grosseiras! Ou porque parecem difamar a eticidade! Assim, por exemplo, já o axioma: eticidade não é nada outro (portanto, em especial, nada mais!) do que obediência a costumes, seja de que espécie forem; e costumes são o modo tradicional de agir e de avaliar. Em coisas onde nenhuma tradição manda não há nenhuma eticidade; e quanto menos a vida é determinada por tradição, menor se torna o círculo da eticidade. O homem livre é não-ético, porque em tudo quer depender de si e não de uma tradição: em todos os estados primitivos da humanidade, ‘mau’ significa o mesmo que ‘individual’, ‘livre’, ‘arbitrário’, ‘inusitado’, ‘imprevisto’, ‘incalculável’. Sempre medido pela medida de tais estados: se uma ação é feita, não porque a tradição manda, mas por outros motivos (por exemplo, pela utilidade individual), e até mesmo pelos próprios motivos que outrora fundamentaram a tradição, ela é dita não ética e assim é sentida até mesmo por seu agente: pois não foi feita por obediência à tradição. O que é a tradição? Uma autoridade superior, a que se obedece, não porque ela manda fazer o que nos é útil, mas porque ela manda. - Em que se distingue esse sentimento pela tradição do sentimento do medo em geral? Ele é o medo diante de um intelecto superior que manda, diante de uma potência inconcebível, indeterminada, diante de algo mais que pessoal - há superstição nesse medo.” (NIETZSCHE, F. Aurora: reflexões sobre os preconceitos morais. São Paulo: Nova Cultural, 1999, )

 

2) Ao proclamar o homem livre como “não-ético”, Nietzsche se refere a uma moralidade que:

a) está fora do alcance da tradição

b) é a própria tradição

c) sintetiza os preceitos da tradição

d) renova a tradição

 

3) Ao referir-se ao medo implícito na obediência “de um intelecto superior que manda”, Nietzsche põe em evidência

a) a arrogância da moral cristã em não dialogar seus preceitos

b) a revolta dos homens em relação ao agir não-ético

c) a busca de uma justificativa para comprovar a validade da tradição

d) a necessidade de uma razão que busque o fundamento do valor moral

 

 

Fragmento para as questões 4 e 5:

“Admitindo-se que a razão pura possa conter em si um fundamento prático, isto é, suficiente para a determinação da vontade, então existem leis práticas; mas se não se admite isso, então todos os princípios práticos serão simples máximas. Em uma vontade patologicamente afetada de um ser racional pode observar-se um conflito entre as máximas diante das leis práticas reconhecidas por ele mesmo. Por exemplo, alguém pode adotar o axioma de não aceitar nenhum insulto sem vingá-lo e, todavia, reconhecer que isso não constitui lei prática e sim apenas uma máxima sua, e que, como regra para a vontade de todo ser racional, tal máxima não pode concordar em si mesma em uma só e única máxima." (KANT, E. Crítica da razão prática. São Paulo: Martin Claret, 2013, p. 31).

 

4) Ao apresentar as noções de leis práticas e máximas, Kant propõe  

a) que a vontade é livre para fazer suas escolhas

b) que a razão pura é prática por si mesma

c) que a razão não interfere na tomada de decisão

d) que a vontade é autônoma para decidir

 

5) De acordo com Kant, o que impede um indivíduo de distinguir as máximas e as leis práticas?

a) a vontade guiada pela tradição

b) o consenso da maioria

c) a vontade patologicamente afetada

d) a opinião do jurista

 

Respostas:

1 - C; 2 - A; 3 - D; 4 - B; 5 - C.

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