segunda-feira, 15 de abril de 2024

ETZIONI, Amitai. Organizações modernas - A organização e ambiente social

 

ETZIONI

Área: sociologia das organizações;

Tema(s): organizações; mudanças sociais, meio e organização; identidade;

 

ETZIONI, Amitai. Organizações modernas. 7a ed. São Paulo: Pioneira, 1984, pp. 141-156. (Cap. X - A organização e ambiente social)

 

 

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A organização e ambiente social

 

A revolução da organização

- a industrialização gera transformações sociais: padrão de vida, educação, consciência política, secularização, crescimento da ciência, enfraquecimento da família, maior mobilidade social;

- este processo é denominado modernização;

- as grandes organizações representam os reflexos da modernidade e seguem: a teoria clássica da administração e a teoria estruturalista de Weber;

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- principal característica de modernização: diferenciação: sociedades simples X sociedades complexas: ambas têm as mesmas funções:

   1 - produção de bens; 2 - distribuição de produtos; 3 - integração social e 4 - integração normativa;

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- a modernização consiste na eficiência na realização das funções sociais, e não no surgimento de novas funções;

- “Essa conquista da eficiência é conseguida principalmente pela diferenciação, por meio da qual as diversas funções executadas numa unidade social - a família extensa - passam a ser exercidas por uma série de diferentes unidades sociais.”

- razões essenciais da diferenciação para a revolução da organização:

   - 1 - estabelecimento de novas unidades sociais dedicadas a funções específicas (produção de bens e distribuição de produtos); as funções de integração social e normativa permanecem, num primeiro momento, legadas às unidades tradicionais;

   - 2 - formação de unidades sociais “artificiais”, planejadas intencionalmente para executar com eficiência as funções (normas, estrutura, hierarquia, adequação aos objetivos);

- diferenciação especializada: surgem as subespecialidades;

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- para Weber o avanço das organizações está ligado à secularização (este mundo e não o outro) e ao racionalismo ascético (trabalho duro, poupança, reinvestimento) [livro: Ética protestante e o espírito do capitalismo]

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- “O comportamento racional é encorajado pela secularidade e desencorajado pela preocupação com um outro mundo, pois exige um fundamento empírico, uma verificação da realidade, possível unicamente neste mundo.”

- “A estruturação de uma economia moderna, a necessidade de pesquisa científica, a atuação de uma organização eficiente - tudo isso exige um compromisso com objetivos a longo, e não a curto prazo.”

- “A tolerância à frustração e certa proporção de ascetismo são indispensáveis ao êxito do comportamento racional e de unidades sociais racionais.”

- novo homem: “homem da organização” como resultado das transformações psicológicas [ser mais, ou ser o que se é - Heidegger / Kierkegaard - é ser de uma outra organização: identidade = função social]

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- exigência da organização moderna: novo tipo de personalidade:

   1 - mobilidade entre diferentes funções e diferentes grupos/unidades sociais: ora patrão, ora empregado...

   2 - tolerância à frustração e capacidade de adiar a recompensa: adaptação à diversidade, fortalece hábito de rotina e perseverança, os conflitos não se tornam pessoais, mas “casos”;

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3 - orientação à realização: necessidade psíquica de maiores recompensas materiais e simbólicas: subir na carreira, ganhar as recompensas pela “cooperação e conformismo” ao sistema e às suas regras;

- no processo de formação/educação é o desejo por recompensas que faz o indivíduo submeter-se à longa formação para chegar à posição com status privilegiado na organização e na sociedade;

- como as personalidades individuais influem nas combinações das características acima, a organização submete seus futuros membros a uma rigorosa seleção;

- arregimentação seletiva: “O fato de quase todo o pessoal das organizações ter as características psicológicas indispensáveis para a vida da organização é, em parte, um resultado da arregimentação seletiva, pela qual a organização rejeita ou afasta aqueles cujas personalidades as tornam incapazes para a participação. No entanto, o principal crédito por essa convergência de personalidade e de exigências da organização cabe à família moderna e ao sistema educacional moderno, que produzem o tipo de pessoa que se tornará um bom homem de organização. A acentuação

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da classe média nos valores de pontualidade, limpeza, integridade, coerência, a insistência no conformismo e, acima de tudo, na realização, constituem o fundamento das qualidades que facilitam o ajustamento às exigências da organização. A eficiência da organização, quanto a este aspecto da arregimentação e de colocação de pessoal, deve-se mais ao ambiente social que proporciona ao tipo ‘certo’ de participantes, que aos esforços intencionais da organização para modelar personalidades de acordo com suas necessidades.”

 

Interação da organização e ambiente social

- as organizações interagem entre si sob a mediação do Estado;

   - 1 - modelo de mediação laissez-faire: maneira “... associada à concepção tradicional e liberal de Estado.” - o Estado se abstém de interferir a todo momento, só há interferência para impedir crises graves que prejudiquem o funcionamento dos serviços públicos;

   - 2 - modelo de mediação por regulamentação ativa: o Estado regulamenta uma série maior de interações das organizações: organizações financeiras, escolas, partidos políticos, meios de comunicação, igrejas;

   - 3 - modelo de mediação de sistema de pla-

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-nejamento indicativo: “... o Estado apresenta uma lista de objetivos econômicos que têm a probabilidade de obter o apoio governamental nos anos seguintes.”; o controle do Estado sobre as organizações se dá de forma indireta; há uma certa flexibilidade para seguir as “indicações” estabelecidas; [modelo francês, também utilizado pela Comunidade Européia]

   - 4 - modelo de mediação por planejamento global: subordinação direta das organizações ao Estado;

- não existe um padrão que regule a interação das organizações; as necessidade guiarão as interações;

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- “Na medida em que a relação entre duas organizações quaisquer, em qualquer sociedade, não é regulamentada por uma organização superior, ou por um quadro legal de referência (por exemplo, as leis antitruste dos Estados Unidos), o padrão real de interação é determinado nos processos de troca, conflito ou cooperação, ou negociação, todos influenciados por fatores ecológicos, culturais e de poder.”

- nos EUA, entre a polícia e os serviços de assistência social, os fatores ecológicos determinam parte da interação;

- o “espírito” cultural geral também influi na interação das organizações: reabilitação e reinserção social através dos serviços sociais prestados pelos infratores;

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- criação de organismos permanentes ou ad hoc que cuidam da organização das organizações: não se pode deixar de regulamentar a interação entre as organizações; risco: não chegar à felicidade maior para o maior número de pessoas;

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- Tendências futuras das sociedades de organização

 

- Tendências nas sociedades menos desenvolvidas

- encaminhar-se à diferenciação

- aprimorar o comportamento racional que a organização exige

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-males da organização: corrupção; nepotismo - favoritismo; suborno; simples ineficiência

- soluções: mudanças na cultura, educação, competência técnica; eficiência e competência; maior racionalização;

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- Tendências nas sociedades totalitárias

- redução da diferenciação, aumento da centralização;

- atualmente há tendência à

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liberalização e/ou à regressão limitada;

- há necessidade de superar o custo humano;

 

- Tendências nas sociedades democráticas modernas

- equilibrar exigências das organizações e necessidades pessoais de seus participantes;

- compatibilidade social entre os membros das equipes;

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- compatibilidade e conformismo visam a aumentar a competência da organização;

 

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