A COMUNICAÇÃO E A TECNOLOGIA NO ENSINO DE LÍNGUAS[1]
APRESENTAÇÃO
Este texto discute brevemente a
relação entre as tecnologias de comunicação e o ensino de idiomas a partir do
texto “A comunicação e a tecnologia no ensino de línguas” (RAPAPORT, 2012).
Nele são ressaltados os conceitos
de processo de conhecimento, processo de comunicação, mídia, “reforço social” e
interatividade.
Um dos desafios apresentados é a
manutenção da interatividade no nível real das relações sociais, ancorada no
conhecimento, em oposição à nocividade da interatividade social no nível
virtual.
DESENVOLVIMENTO
Após a leitura de “A comunicação
e a tecnologia no ensino de línguas” (RAPAPORT, 2012) pudemos perceber que o
ensino de idiomas, bem como outras áreas do conhecimento, muito se beneficiaram
da evolução constante das tecnologias de comunicação e informação.
Um dos conceitos que pode
exemplificar o vínculo entre ensino e tecnologia é que o conhecimento se dá
“... pela obtenção, verificação e reafirmação (ou não) de um dado evento por
uma variedade de formas” (RAPAPORT, 2012, p. 104). O uso das tecnologias no
processo de ensino contribui, sobretudo, para ampliar as formas pelas quais o
objeto do conhecimento pode ser obtido, verificado e reafirmado, possibilitando
aos agentes do processo - professor e aluno - novas modalidades de aprendizado.
O ensino de idiomas está
intimamente ligado ao processo de comunicação. Afinal de contas, comunicar é um
processo de codificação e decodificação de mensagem entre emissor e receptor e
o retorno é dado de acordo com habilidades, conhecimentos prévios e interesses
de ambos (JACKOBSON, 2001 apud RAPAPORT, 2012, p. 104). Um novo idioma é um
canal a mais no processo de comunicação. Quando se aprende uma língua
estrangeira, também aprendemos um modo de olhar o mundo, um modo de pensar e um
universo cultural diferente daquele próprio à língua materna. Segundo Rapaport
(2012, p. 104), “isso reforça que, como professores, devemos estar atentos e
abertos a respostas adversas ao que esperamos obter, pois elas podem ser uma
expressão de um contexto cultural, experimental e de valores diferentes dos do
professor.”
Ao longo dos anos de 1950 - época
claramente audiovisual - os professores passaram a se interessar mais por
teorias ou modelos de comunicação focados no processo comunicativo - esse
movimento reforçou “... a ideia de que o planejamento educacional precisava
atender a todos os elementos do processo comunicativo, e não apenas à mídia,
que teve seu papel claramente definido como um meio auxiliar, não um fim em si”
(RAPAPORT, 2012, p. 107).
Tanto a mídia como o professor
tiveram seu papel ressignificado ao longo do desenvolvimento de novas
tecnologias aplicadas ao ensino. Na tutoria programada, por exemplo, “o uso de
um tutor como mediador possibilita maior flexibilidade ao sistema e adiciona
outra vantagem sobre o material impresso: o ‘reforço social’ por meio de
elogios - e não por meio de uma resposta correta impressa na página seguinte do
livro” (RAPAPORT, 2012, p. 115). A evolução da mídia não suplantou o papel do
professor, nem mesmo suprimiu a necessidade de sua presença no processo de
aprendizagem. Ao contrário, reafirmou que sua mediação é importante por causa
das relações sociais estabelecidas entre ele e o aprendiz.
A importância do “reforço social”
vai estar ainda presente no SIP - Sistema de Instrução Personalizada - pois
estes programas, desde a proposta de Skinner, funcionam melhor com grupos
pequenos. Silva (2001 apud RAPAPORT, 2012, p. 125) afirma que “... em nosso
tempo a interatividade é um desafio não só para os gestores da velha mídia, mas
para todos os agentes do processo de comunicação.” Este alerta sobre a
interatividade também se estende ao ambiente educacional, pois nele professor e
aluno estão em constante comunicação entorno do conhecimento.
As novas tecnologias aplicadas ao
ensino de idiomas contribuem para facilitar o processo de aprendizagem quando
criam condições mais favoráveis e práticas para o professor e para o aluno. Com
elas é mais fácil e ágil criar condições mais apropriadas ao processo de
aquisição de um novo idioma à medida em que o professor tem uma gama bastante
variada de opções na construção de
atividades adequadas aos seus alunos. É possível variar o uso da lousa até o
projetor de slides, da aula expositiva até a exibição de audiovisuais
elaborados pelos próprios alunos, das listas de exercícios até as atividades de
jogos interativos no computador.
Para Rapaport, as
Tecnologias que dão suporte à
abordagem cognitiva de aprendizagem de língua são aquelas em que os alunos têm
a máxima oportunidade de estar expostos ao idioma em um contexto significativo
e no qual possam construir seu próprio conhecimento, como os programas que
permitem a construção ou a reformulação de um texto e o preenchimento de
lacunas (que requer um processo mental de construção e análise da língua).
Certamente, tais atividades poderiam ser executadas com papel e lápis, mas o
uso do computador facilita a agiliza o processo para ambos - aluno e professor
(RAPAPORT, 2012, p. 131).
Mais do que vilãs, as novas
tecnologias representam uma oportunidade de ampliar a ação desempenhada pelo
professor no processo educativo e possibilita ao aluno uma forma mais variada e
desafiadora de aprender.
CONSIDERAÇÕES
Um dos desafios presentes na
relação entre o ensino de idiomas e a comunicação e tecnologias pode ser a
interatividade.
Manter a interatividade com
grupos grandes de alunos é uma tarefa extremamente difícil. Entre eles já há
inúmeros motivos de distração. Seus aparelhos eletrônicos e os assuntos das
redes sociais trazidos para dentro da sala de aula representam um forte
concorrente à ação do professor. Neste ambiente, criar um contexto
significativo é a tarefa primordial para o professor que quiser manter a
interação com seus alunos.
Se o contexto social, as
habilidades, experiência e conhecimentos prévios dos alunos interferem nos
processo de aprendizagem, quando o contexto mais amplo e externo à sala de
aula, por exemplo o mercado de trabalho,
não representa nenhum atrativo aos alunos, a tarefa do professor de das
significatividade ao seu trabalho é maior. Sua única estratégia de
convencimento é o próprio conhecimento. Por mais que os fatores externos
apresentem propostas contrárias, o conhecimento é o único objeto que pode
garantir que o professor continue sendo quem é: agente de conhecimento. Caso
contrário, os alunos serão levados pela ilusão de interação através de um
perfil em uma rede social em saber que, na verdade, eles são somente
fornecedores de dados aos provedores de uma realidade apenas virtual.
REFERÊNCIA
RAPAPORT, Ruth. Comunicação e Tecnologia no Ensino de Línguas.
Curitiba: Ibepex, 2012, p. 103-139.
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