domingo, 14 de janeiro de 2018

A COMUNICAÇÃO E A TECNOLOGIA NO ENSINO DE LÍNGUAS[1]


APRESENTAÇÃO

Este texto discute brevemente a relação entre as tecnologias de comunicação e o ensino de idiomas a partir do texto “A comunicação e a tecnologia no ensino de línguas” (RAPAPORT, 2012).

Nele são ressaltados os conceitos de processo de conhecimento, processo de comunicação, mídia, “reforço social” e interatividade.

Um dos desafios apresentados é a manutenção da interatividade no nível real das relações sociais, ancorada no conhecimento, em oposição à nocividade da interatividade social no nível virtual.


DESENVOLVIMENTO

Após a leitura de “A comunicação e a tecnologia no ensino de línguas” (RAPAPORT, 2012) pudemos perceber que o ensino de idiomas, bem como outras áreas do conhecimento, muito se beneficiaram da evolução constante das tecnologias de comunicação e informação.

Um dos conceitos que pode exemplificar o vínculo entre ensino e tecnologia é que o conhecimento se dá “... pela obtenção, verificação e reafirmação (ou não) de um dado evento por uma variedade de formas” (RAPAPORT, 2012, p. 104). O uso das tecnologias no processo de ensino contribui, sobretudo, para ampliar as formas pelas quais o objeto do conhecimento pode ser obtido, verificado e reafirmado, possibilitando aos agentes do processo - professor e aluno - novas modalidades de aprendizado.

O ensino de idiomas está intimamente ligado ao processo de comunicação. Afinal de contas, comunicar é um processo de codificação e decodificação de mensagem entre emissor e receptor e o retorno é dado de acordo com habilidades, conhecimentos prévios e interesses de ambos (JACKOBSON, 2001 apud RAPAPORT, 2012, p. 104). Um novo idioma é um canal a mais no processo de comunicação. Quando se aprende uma língua estrangeira, também aprendemos um modo de olhar o mundo, um modo de pensar e um universo cultural diferente daquele próprio à língua materna. Segundo Rapaport (2012, p. 104), “isso reforça que, como professores, devemos estar atentos e abertos a respostas adversas ao que esperamos obter, pois elas podem ser uma expressão de um contexto cultural, experimental e de valores diferentes dos do professor.”

Ao longo dos anos de 1950 - época claramente audiovisual - os professores passaram a se interessar mais por teorias ou modelos de comunicação focados no processo comunicativo - esse movimento reforçou “... a ideia de que o planejamento educacional precisava atender a todos os elementos do processo comunicativo, e não apenas à mídia, que teve seu papel claramente definido como um meio auxiliar, não um fim em si” (RAPAPORT, 2012, p. 107).

Tanto a mídia como o professor tiveram seu papel ressignificado ao longo do desenvolvimento de novas tecnologias aplicadas ao ensino. Na tutoria programada, por exemplo, “o uso de um tutor como mediador possibilita maior flexibilidade ao sistema e adiciona outra vantagem sobre o material impresso: o ‘reforço social’ por meio de elogios - e não por meio de uma resposta correta impressa na página seguinte do livro” (RAPAPORT, 2012, p. 115). A evolução da mídia não suplantou o papel do professor, nem mesmo suprimiu a necessidade de sua presença no processo de aprendizagem. Ao contrário, reafirmou que sua mediação é importante por causa das relações sociais estabelecidas entre ele e o aprendiz.

A importância do “reforço social” vai estar ainda presente no SIP - Sistema de Instrução Personalizada - pois estes programas, desde a proposta de Skinner, funcionam melhor com grupos pequenos. Silva (2001 apud RAPAPORT, 2012, p. 125) afirma que “... em nosso tempo a interatividade é um desafio não só para os gestores da velha mídia, mas para todos os agentes do processo de comunicação.” Este alerta sobre a interatividade também se estende ao ambiente educacional, pois nele professor e aluno estão em constante comunicação entorno do conhecimento.

As novas tecnologias aplicadas ao ensino de idiomas contribuem para facilitar o processo de aprendizagem quando criam condições mais favoráveis e práticas para o professor e para o aluno. Com elas é mais fácil e ágil criar condições mais apropriadas ao processo de aquisição de um novo idioma à medida em que o professor tem uma gama bastante variada de opções na  construção de atividades adequadas aos seus alunos. É possível variar o uso da lousa até o projetor de slides, da aula expositiva até a exibição de audiovisuais elaborados pelos próprios alunos, das listas de exercícios até as atividades de jogos interativos no computador.

Para Rapaport, as

Tecnologias que dão suporte à abordagem cognitiva de aprendizagem de língua são aquelas em que os alunos têm a máxima oportunidade de estar expostos ao idioma em um contexto significativo e no qual possam construir seu próprio conhecimento, como os programas que permitem a construção ou a reformulação de um texto e o preenchimento de lacunas (que requer um processo mental de construção e análise da língua). Certamente, tais atividades poderiam ser executadas com papel e lápis, mas o uso do computador facilita a agiliza o processo para ambos - aluno e professor (RAPAPORT, 2012, p. 131).

Mais do que vilãs, as novas tecnologias representam uma oportunidade de ampliar a ação desempenhada pelo professor no processo educativo e possibilita ao aluno uma forma mais variada e desafiadora de aprender.


CONSIDERAÇÕES

Um dos desafios presentes na relação entre o ensino de idiomas e a comunicação e tecnologias pode ser a interatividade.

Manter a interatividade com grupos grandes de alunos é uma tarefa extremamente difícil. Entre eles já há inúmeros motivos de distração. Seus aparelhos eletrônicos e os assuntos das redes sociais trazidos para dentro da sala de aula representam um forte concorrente à ação do professor. Neste ambiente, criar um contexto significativo é a tarefa primordial para o professor que quiser manter a interação com seus alunos.

Se o contexto social, as habilidades, experiência e conhecimentos prévios dos alunos interferem nos processo de aprendizagem, quando o contexto mais amplo e externo à sala de aula, por exemplo o  mercado de trabalho, não representa nenhum atrativo aos alunos, a tarefa do professor de das significatividade ao seu trabalho é maior. Sua única estratégia de convencimento é o próprio conhecimento. Por mais que os fatores externos apresentem propostas contrárias, o conhecimento é o único objeto que pode garantir que o professor continue sendo quem é: agente de conhecimento. Caso contrário, os alunos serão levados pela ilusão de interação através de um perfil em uma rede social em saber que, na verdade, eles são somente fornecedores de dados aos provedores de uma realidade apenas virtual.


REFERÊNCIA

RAPAPORT, Ruth. Comunicação e Tecnologia no Ensino de Línguas. Curitiba: Ibepex, 2012, p. 103-139.






[1] Adriano Lima, São José dos Campos, 2016.

Nenhum comentário:

Postar um comentário