quinta-feira, 5 de setembro de 2024

MARTINS, Carlos Benedito. O que é sociologia

 

MARTINS

Área: sociologia; conceito, história

Tema(s): sociologia: surgimento, formação e desenvolvimento

 

 

MARTINS, Carlos Benedito. O que é sociologia. São Paulo: Nova Cultural; Brasiliense, 1996.

 

 

 

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Cap. 1 - O surgimento

 

- a sociologia pode ser vista como fruto do pensamento moderno: novo saber científico - mundo social

- ela surge “...com os derradeiros movimentos da desagregação da sociedade feudal e da consolidação da sociedade capitalista”.

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- século XVIII - problemas humanos inéditos causados pelas Rev. Francesa e Rev. Industrial

- o termo sociologia só aparecerá em 1830

- RI - a introdução da máquina no processo de produção “...representou o triunfo da indústria capitalista...” liderada por empresários que, através do acúmulo de meios de produção e bens,

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tornaram as “...grandes massas humanas em simples trabalhadores despossuídos”.

- a “consolidação da sociedade capitalista” representava “a desintegração de costumes e instituições” antigas para introduzir uma nova forma de organizar a vida social.

- a máquina na produção acaba com o modelo produtivo do artesão independente e o submete a uma severa disciplina

- Inglaterra - 1780-1860 (80 anos) - grandes centros urbanos, nascentes indústrias - produtos vendidos pelo mundo, novas realidades sociais: “reordenação da sociedade civil, a destruição da servidão, o desmantelamento da família patriarcal etc”.

- passagens: da atividade artesanal à manufatureira e depois fabril atrai os camponeses à cidade;

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- este processo submeteu mulheres e crianças a jornadas de 12h sem férias, feriados e com salário de subsistência inferior ao salário dos homens; sendo que mulheres e crianças eram mais da metade em alguns setores;

- consequências dessas mudanças: crescimento demográfico, sem condições de moradia, serviços sanitários e saúde

- “Mancehster, que constitui um ponto de referência indicativo desses tempos, por volta do início do século XIX era habitada por setenta mil habitantes; cinquenta anos depois, possuía trezentas mil pessoas.”

- “...aumento da prostituição, do suicídio, do alcoolismo, do infanticídio, da crimi-

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nalidade, violência, de surtos de epidemia de tifo e cólera que dizimaram a população etc”.

- aparecimento do proletariado e seu papel na sociedade capitalista

- com poucas condições de vida, o proletariado se revolta, sabota máquinas, faz greve, nasce o sindicato;

- o confronto entre pobres e ricos passa a ser confronto de classes conscientes de seus direitos.

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- para a sociologia temos: um problema social considerado com fato a ser estudado e resolvido; fato social - objeto da sociologia;

- o debate sociológico não visava a produzir idéias, mas sim mudanças

- nomes importantes: Owen (1771-1858), Willian thompson (1775-1833), Jeremy Bentham (1748-1832);

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- as primeiras preocupações da sociologia são as consequências da RI, o que praticamente inexistia nas sociedades pré-capitalistas;

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- o abandono da visão sobrenatural e a adesão à visão racional também ajuda no surgimento da sociologia

- passamos a ter a aplicação do método científico

- 150 anos, de Copérnico a Newton, há uma grande mudança na ciência: do heliocentrismo para o geocentrismo;

- observação, experimentação [e controle]: métodos para conhecimento da natureza;

- para Francis Bacon (1561-1626) a teologia perde sua autoridade - cede lugar à dúvida metódica para um conhecimento objetivo da realidade

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- para Bacon, o conhecimento baseado na observação e experimentação amplia o poder do homem e esse método serve também para estudar a sociedade [“saber é poder]

- razão livre - racionalismo

- abando no do dogmatismo e da concepção providencialista

- “A literatura no século XVII, por exemplo, constituía uma outra área que ia se afastando do pensamento oficial, na medida em que se rebelava contra a criação literária legitimada pelo poder.”

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- grande produção do pensamento social no século XVIII - novas descobertas

- “A pressuposição de que p processo histórico possui uma lógica passível de ser apreendida constituiu um acontecimento que abria novas pistas para a investigação racional da sociedade”.

- Vico (1668-1744) - “... é o homem quem produz a história”.

- para Vico a sociedade pode ser compreendida porque é obra dos indivíduos.

- autores influenciados por Vico: David Hume (1711-1776). Adam Ferguson (1723-1816) e depois Hegel e Marx

- a sociedade passa a ser estudada pelos seus grupos:

   - Ferguson - evitar conjecturas e especulações - seguir pela indução;

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- séc. XVIII - os Iluministas - pensadores franceses: “... um grupo de filósofos que procurava não apenas as velhas formas do conhecimento, baseadas na tradição, mas a própria sociedade.”

- os filósofos iluministas, representantes intelectuais da burguesia, vão defendê-la contra a sociedade feudal

- eles têm como antecessores Descartes, Bacon e Hobes - “... os iluministas insistiam numa explicação da realidade baseada no modelo das ciências da natureza.” - influência vinda de Newton [modelo mecanicista]

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- “Influenciado por este espírito, Condorcet (1742-1794), por exemplo, desejava aplicar os métodos matemáticos ao estudo dos fenômenos socias, estabelecendo uma área própria de investigação a que denominava ‘matemática social’”.

- “Os trabalhos de Montesquieu (1689-1755), por exemplo, estabelecem uma série de observações sobre a população, o comércio, a religião, a moral, a família etc. O objetivo dos iluministas, ao estudar as instituições de sua época, era demonstrar que elas eram irracionais e injustas, que atentavam contra a natureza dos indivíduos e, nesse sentido, impediam a liberdade do homem. Concebiam o indivíduo como dotado de razão, possuindo uma perfeição inata e destinado à liberdade e à igualdade social.” - nesse sentido eles combatiam as corporações,

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a autoridade feudal etc.

- a tarefa da filosofia não consistia em pensamentos abstratos, mas em raciocínios práticos de crítica da sociedade vigente para propor possibilidades de uma sociedade nova

- a vida social passava a ser mais racionalizada, frente às crenças e superstições dominantes até então;

- tanto pensadores com o “homem comum” deixavam de lado a interpretação tradicional do mundo e passavam a interpretar o mundo, seus fenômenos e instituições não mais submetidos às forças sobrenaturais, mas como  produtos da atividade humana, que poderiam ser conhecidos

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e transformados;

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