DRICKER |
Área:
sociedade e novas tecnologias, mudanças econômicas e sociais. |
Tema(s):
A economia do conhecimento; o aparecimento do trabalho com conhecimento. |
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DRUCKER, Peter F. Uma era de descontinuidade: orientações para uma sociedade em
mudança. 3. ed. Tradução de J.R. Brandão Azevedo. |
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“As ‘indústrias do conhecimento’[1]
que produzem e distribuem idéias e informações, e não bens e serviços,
responderam em 1955 por um quarto do Produto Nacional Bruto dos Estados
Unidos.” -
“A metade dos dólares ganhos e distribuídos na economia americana serão
ganhos pela produção e distribuição de idéias e informações e gastos na busca
de idéias e informações.” -
“Há trinta anos, às vésperas da Segunda Guerra Mundial, os operadores de
máquinas semiqualificados, os homens da linha de montagem, eram o centro da
mão-de-obra americana. Hoje o centro é o empregado com conhecimento, o homem
ou a mulher que aplica ao trabalho produtivo idéias, conceitos e informações,
e não habilidade manual ou força muscular.” |
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“Uma vez que o empregado com conhecimento tende a ser muito mais bem pago que
o empregado manual, e também a ter muito mais segurança ao emprego, o
conhecimento já se tornou o custo central da economia americana. A
produtividade do conhecimento já se tornou a chave da produtividade, da
capacidade de competição e da realização econômica.” -
“Mas por mais impressionante que seja a estatística, ela não revela o
importante. O que importa é que o conhecimento tornou-se o principal ‘fator
de produção’ numa economia avançada, desenvolvida.” -
A história econômica dos países avançados e desenvolvidos nos últimos cem
anos poderia denominar-se ‘da agricultura para o conhecimento’. Enquanto que o fazendeiro era a espinha
dorsal de qualquer economia há cem anos ou duzentos anos - não só em número
de pessoas empregadas, mas também na importância e no valor do que ele
produzia - o conhecimento é atualmente o custo principal, o principal
investimento e o principal produto da economia avançada e o meio de vida do
maior grupo populacional.” -
“O conhecimento é, cada vez mais, o fator-chave do poderio econômico
internacional de um país. Cada vez mais ouvimos discussões sobre o ‘êxodo de
cientistas e técnicos’ que atrai pes- |
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preparado dos países relativamente atrasados no setor do conhecimento para os
países de posição avançada neste setor.” [Ex.: profissionais da Europa -
Inglaterra... - que vão para os EUA.] -
“Em 1900 o aço era a medida econômica - e sua indústria baseava-se
inteiramente na habilidade, e não no conhecimento.” -
“O fundamento da moderna economia passou a ser o ‘conhecimento’, e não a
‘ciência’.” -
“Não há dúvida de que a ciência e os cientistas se transformaram
repentinamente nos principais personagens do palco político, mi- |
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-litar
e econômico. Mas essa transformação estendeu-se também praticamente a todas
as outras pessoas com conhecimento.” [Ex.: químicos, geógrafos, matemáticos,
antropólogos... com ampliação da área de consultoria]. -
“Mas há mais demanda para teólogos do que a maioria das pessoas acredita. De
modo geral, é a área de conhecimento excepcional que não está tendo
atualmente aplicação prática no comércio e na indústria, no governo e nas
forças armadas, no hospital e nas relações internacionais.’ -
“Essa demanda, por sua vez, reflete o fato básico de que o conhecimento
tornou-se produtivo. A aquisição sistemática e deliberada de informações e
sua aplicação sistemática, em lugar da ‘ciência’ ou da ‘tecnologia’, estão-se
[sic] transformando no novo fundamento do trabalho, da produtividade e dos
esforços em todo o mundo.” -
“A tendência é no mesmo sentido em todos os países industriais avançados. Há
uma grande correlação entre a capacidade de crescimento e de competição de
uma economia no mundo de hoje e a taxa de crescimento de sua população
escolar mais de quinze anos - com os Estados Unidos, o Japão, Israel e a
União Soviética nos níveis mais elevados e a Inglaterra nos níveis mais
baixos entre as nações industriais desenvolvidas.” |
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A demanda no futuro dos empregados com conhecimento parece insaciável.” [Ex.:
programadores, planejadores de sistemas, especialistas em informação,
profissionais da área da saúde, todos altamente qualificados e acima do nível
da indústria secundária]. -
as companhias aéreas se tornarão as principais transportadores de carga e
pessoas, e exigirão grande número de profissionais que “Em primeiro lugar,
serão capazes de executar toda a operação de manutenção.” e “Em segundo
lugar, sua habilidade repousará no conhecimento teórico e no aprendizado
formal, e não no aprendizado de uma habilidade. Trabalharão com as mãos, mas
aplicarão conhecimento, e não habilidade. Manuais, gráficos e textos serão
pelo menos tão importantes para eles quanto os instrumentos são para o
artesão.” -
Fundamentos da economia do conhecimento: -
1 - “O trabalho baseado no conhecimento não provoca um ‘desaparecimento do
trabalho’.” |
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“O ‘empregado’ típico da economia avançada, o empregado com conhecimento, está
trabalhando cada vez mais, e há uma demanda crescente deles. O trabalhador
manual, empregado típico do passado, pode ter mais ociosidade.” -
2 - “O conhecimento não elimina as habilidades. Pelo contrário, está-se [sic]
tornando rapidamente a base da habilidade. Estamos cada vez mais usando o
conhecimento a fim de capacitar as pessoas a adquirir habilidades muito
avançadas rapidamente e com êxito. O conhecimento sem habilidades é
improdutivo.” -
“O conhecimento, quer dizer, a organização sistemática das informações e
conceitos, está, portanto, tornando obsoleto o ‘aprendizado prático’.O
conhecimento substitui a experiência pelo aprendizado sistemático.” -
“Aprendemos na Segunda Guerra Mundial, em relação às habilidades manuais, que
poderíamos condensar anos de aprendizado prático em semanas ou, no máximo,
meses, de aprendizado organizado e sistemático.” |
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“O homem ou mulher que tenha alguma vez adquirido habilidade calcada no
conhecimento aprendeu a aprender. Pode adquirir rapidamente habilidades novas
e diferentes. Diversamente de aprendizado prático, que prepara para uma
habilidade específica e ensina o uso de um conjunto específico de
instrumentos para um objetivo específico, uma fundamentação no conhecimento
capacita as pessoas a desaprender e a reaprender.” - tecnólogos: põem em
prática o conhecimento, e não artífices: executam trabalho específico de modo
específico; -
exemplo dos sacerdotes egípcios: aliavam conhecimento teórico e prático; -
“O ‘conhecimento’, tal como normalmente é concebido pelo ‘intelectual’, é
algo muito diverso do ‘conhecimento’ no contexto de uma ‘economia do
conhecimento’ ou do ‘trabalho baseado no conhecimento’. - o conhecimento,
para o ‘intelectual’ está no livro e precisa de um agente leitor para
torná-lo vivo, aplicável; |
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“Mas o que importa na ‘economia do conhecimento’ é se o conhecimento, novo ou
antigo, é aplicável, e. g., a
física newtoniana ao programa espacial. O que é relevante é a imaginação e
habilidade de quem quer que o aplique, e não a sofisticação ou a novidade da
informação.” -
a idéia de aquisição e aplicação sistemática do conhecimento tem uns 200 ou
250 anos: “Ocorreu pela primeira vez aos diversos fabricantes e projetistas
ingleses de instrumentos de trabalho do século XVIII e dos primeiros anos do
século XIX, que culminaram com a figura altaneira de Joseph Whitworth
(1803-87). - eram grandes inventores
“Também procuraram sistematizar o que aprenderam sobre o trabalho mecânico e
empregar este conhecimento em seu instrumento. Isso não só levou diretamente
à ‘engenharia’, quer dizer, à codificação da maneira correta de executar
qualquer tarefa particular. Também modificou o trabalho e a força de trabalho
- o verdadeiro começo da Revolução Industrial.” -
de Whitworth as famosas medidas ‘vai/não vai’ - possibilita aos trabalhadores
o aprendizado de uma rotina e instrumentaliza-os à produção de acordo com um
padrão; |
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“O próximo passo, completamente diferente, foi dado nos Estados Unidos com o
Morrill Act de 1862, que estabeleceu uma universidade com terras doadas pelo
Governo em todos os estados da União.” - início da pesquisa agrícola e
implementação dos modos de produção no campo - a idéia era “... de
transformar todas as atividades da fazenda, que eram baseadas na prática,
numa disciplina, e de transformar todos os fazendeiros em agrônomos e em
tecnólogos sistemáticos.” -
Agricultura Científica; -
resultado a longo prazo: “Um pequeno número de homens altamente treinados,
equipados com instrumentos administrativos e mecânicos dispendiosos, produz
algo totalmente novo no mundo, os excedentes agrícolas. Isso representa, para
a cultura, para a sociedade e para a economia uma mudança muito maior que a
maioria das inovações tecnológicas com que nos maravilhamos.” -
“O passo mais importante em direção à ‘economia do conhecimento’ foi, porém,
a Administração Científica - quer dizer, a aplicação sistemática da análise e
do estudo ao trabalho manual, cujo pioneiro foi Frederick W. Taylor (1856-1915),
nas |
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últimas
décadas do século XIX. Taylor, pela primeira vez na história, considerou que
o próprio trabalho merecia a atenção de um homem educado. Até então, o
trabalho tinha sido sempre aceito como um fato, especialmente por parte dos
preparados. Quando pensavam no problema, sabiam que o trabalho tinha sido
ordenado - por Deus ou pela natureza - e que a única maneira de produzir mais
era trabalhar mais e mais aplicadamente. Taylor viu que essa crença era
falsa. A chave para se produzir mais era ‘trabalhar mais inteligentemente’. A
chave da produtividade era o conhecimento, não o suor.” -
“Taylor não partiu (como muitos que nunca leram sua obra acreditam) de idéias
de eficiência ou economia, e muito menos do propósito de proporcionar um
lucro ao empregador. Partiu de um profundo interesse social e estava
profundamente preocupado com o que via como um conflito suicida entre o
‘trabalho’ e o ‘capital’.” -
“Mas, acima de tudo, a Administração Científica de Taylor possibilitou a
solução do impasse do século XIX; abriu um ‘terceiro caminho’ entre o
capitalismo e o socialismo do século XIX. Provou serem ambos falsos. Porque
ambos aceitavam como lei natural o fato de que o bolo econômico era
constante, não podendo ser aumentado, exceto pela introdução de mais capital
ou pelo trabalho mais intenso.” - |
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3 - “Mas se bem que o conhecimento não elimine o trabalho ou a habilidade,
sua introdução constitui de fato uma verdadeira revolução tanto na
produtividade do trabalho quanto na vida do trabalhador.” -
“Talvez seu maior impacto esteja na transformação de uma sociedade de
ocupações predeterminadas numa sociedade de escolhas para o indivíduo. Agora
é possível ganhar-se a vida - e uma vida satisfatória - fazendo-se quase que
qualquer coisa que se queira e aplicando-se quase que qualquer conhecimento.
Isso é algo novo sob o sol.” |
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“Há um século, mesmo o homem educado só poderia ganhar a vida pelo
conhecimento de umas poucas ‘profissões’ estreitamente circunscritas:
clérigo, médico, advogado e professor e, ainda - a mais nova - servidor
público (os engenheiros apareceram só no fim do século passado).” |
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“Ao mesmo tempo, o acesso à educação está-se [sic] tornando um direito
natural do povo nas sociedades avançadas - e sua ausência, o início do
‘domínio de classe’. É a inexistência do acesso à educação que está
atualmente implícito nas referências feitas nos países em desenvolvimento à
‘opressão colonial’ ou ao ‘neocolonialismo’.” -
“No todo, estamos passando rapidamente de uma sociedade na qual as carreiras
e as ocupações eram determinadas, i. e.,
largamente de acordo com o nascimento, para uma sociedade onde está implícita
a liberdade de escolha.! -
“O problema hoje não é a ausência de escolha, mas sua abundância. Existem
tantas escolhas, tantas oportunidades, tantas direções, que elas desnorteiam
e confundem os jovens.” -
“Mas mesmo que uma fartura de escolha possa tornar-se indigesta, o horizonte
humano foi ampliado incomensuravelmente.” |
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4 - “As oportunidades de conhecimento existem basicamente nas grandes
organizações. Se bem que a nova orientação em função do trabalho baseado no
conhecimento tenha possibilitado as grandes organizações modernas, foi a
emergência destas - a empresa, a repartição pública, a grande universidade, o
laboratório de pesquisas, o hospital - que, por sua vez, criou as
oportunidades de emprego para o empregado com conhecimento.” -
“As oportunidades do conhecimento de ontem eram em grande parte para os
profissionais independentes que trabalhavam por conta própria. As
oportunidades do conhecimento de hoje são em grande parte para as pessoas que
trabalham dentro de uma organização como membros de uma equipe, ou por si
mesmas.” -
mesmo que haja o indivíduo que pensa concentrar em si o modo de trabalho, a
tendência é para o trabalho em equipes [e para a descentralização - NEGROPONTE,
Nicholas. A vida digital. São
Paulo: Companhia das Letras, 1995, pp.
.] |
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“Conquanto o empregado com conhecimento não seja um ‘operário’, e tampouco um
‘proletário’, ainda é um ‘empregado’. Não é um ‘subordinado’ no sentido de
que se possa dizer-lhe o que fazer; pelo contrário, ele é pago para aplicar
seu conhecimento, exercer seu julgamento e assumir uma liderança responsável.
Contudo, tem um ‘chefe’ - de fato, precisa tê-lo a fim de ser produtivo. E o
chefe geralmente não é um especialista na mesma disciplina, mas sim um
‘administrador’ cuja competência específica é planejar, organizar, integrar e
avaliar o trabalho do pessoal com conhecimento independentemente de sua
disciplina ou área de especialização.” -
“O empregado com conhecimento é, a um só tempo, o verdadeiro ‘capitalista’ da
sociedade do conhecimento, e dependente de seu trabalho.” |
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“Mas o empregado com conhecimento considera-se simplesmente com outro
‘profissional’ tal com o advogado, o professor, o padre, o médico ou o
servidor público do passado. Tem a mesma educação. Tem mais renda. Também
tem, provavelmente, maiores oportunidades. Pode perceber que depende da
organização para ter acesso à renda e às oportunidades, e que sem o
investimento que a organização fez - e um investimento alto, por sinal - não
haveria emprego par ele. Mas também percebe, e acertadamente, que a
organização também depende dele.” -
“Esse conflito dissimulado entre a visão de si mesmo do empregado com
conhecimento como um ‘profissional’ e a realidade social na qual ele é o
sucessor melhorado e bem pago do empregado qualificado de ontem explica o
desapontamento de tantos jovens altamente educados ante os empregos que lhes
são acessíveis.” -
“Esse conflito entre as expectativas relativas aos empregos que exigem
conhecimento e sua realidade tornar-se-á mais pronunciado e mais claro a cada
ano que se passa. Tornará a administração de pessoal com conhecimento cada
vez mais crucial pa- |
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-ra
o funcionamento e as realizações da sociedade do conhecimento. O aparecimento do trabalho com
conhecimento -
“Como se deu esta mudança para a sociedade do conhecimento e para a economia
do conhecimento?” -
“A resposta popular [sic] é: ‘Porque os trabalhos têm-se tornado mais
complexos e mais exigentes.’ Mas a resposta correta seria: ‘Porque o período
de vida útil do homem ampliou-se muito’. Não é a demanda de trabalho, mas a
oferta, que caracteriza essa grande transformação da sociedade e da economia.
E isso, por sua vez, também explica os problemas sociais e econômicos criados
pelo surgimento do conhecimento.” -
“O advento do empregado com conhecimento modificou a natureza dos empregos.
Os empregos baseados em conhecimento precisam ser criados porque a sociedade
moderna precisa empregar pessoas que esperam e exigem trabalho baseado |
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“A causa direta da elevação dos empregos é, noutros termos, a elevação do
nível educacional do indivíduo que ingressa na força de trabalho. Quanto mais
tempo ele ficar na escola, mais educação será exigida para a admissão num
determinado trabalho ou ocupação.” -
“Mas a extensão dos anos de escola é, em si mesma, apenas um efeito e não a
causa. É o resultado de um longo desenvolvimento que altero drasticamente a
expectativa de vida útil nos países industrialmente avançados.” |
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aumento da vida útil do trabalhador - 50% maior que na época da Primeira
Guerra Mundial -
“Isso significa que o capital humano da economia é mais do que o dobro do que
era no século passado. Também aumentamos em mais de duas vezes o potencial de
rendimento do indivíduo; porque a renda de um indivíduo em toda a sua vida é,
obviamente, sua renda anual multiplicada pelo número de anos que ele for
capaz de auferi-la. Este é o maior aumento daquilo que os economistas chamam
de ‘estoque de capital’ já registrado na história econômica.” -
“A dilatação do período de vida útil alterou a razão entre os membros da
população produtivos e os dependentes. Isso pode ter sido um impulso maior
ainda à produtividade do que o aumento do estoque de capital. A produção
total de uma sociedade não depende somente de quanto o indivíduo produz;
depende também de quantas pessoas precisam ser sustentadas pela produtividade
de um elemento produtivo.” |
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“A ampliação do período de vida útil nos países desenvolvidos de hoje
alterou, nesses últimos cem anos, drasticamente o equilíbrio tradicional
entre os produtores e os dependentes. Não basta dizer que as pessoas que
sobrevivem continuam a autosustentar-se até uma idade muito mais avançada.
Mais importante ainda, continuam produzindo durante tanto tempo mais que,
mesmo com uma família um pouco maior, o número de dependentes por elemento
produtivo decresceu sensivelmente.” -
“hoje, com uma vida útil de quarenta anos ou mais, e com uma mortalidade
infantil reduzida a ponto de os bebês poderem esperar atingir a idade adulta,
o indivíduo produtivo dos países desenvolvidos só precisa sustentar dois ou
três dependentes em qualquer ocasião e só, via de regra, na primeira metade
de sua própria vida produtiva. Em outras palavras, a dilatação do período de
vida útil equivale a quadruplicar o potencial econômico do mesmo recurso, o
ser humano produtivo.” -
é este enriquecimento que gera o fenômeno de mulher - esposa e mãe - não
precisar trabalhar e, por conseguinte, o mito de que mulher que trabalha é
por incapacidade do marido de sustentar o lar; |
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outro fator que favorece o aumento da vida útil é o processo de mecanização
da agricultura - Agricultura Científica -, e não os avanços da medicina, uma
vez que o trabalho no campo, especialmente o de sessenta anos atrás,
envelhece o trabalhador mais rapidamente que as ocupações da cidade; |
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Administração Científica e Agricultura Científica foram os principais
responsáveis pelo aumento do período de vida útil: produção de excedentes
agrícolas para a alimentação de um número maior de pessoas e a eliminação do
trabalho físico destrutivo; e com uma maior vida útil, os anos passados nos
bancos escolares também aumentaram; -
“Em outras palavras, a extensão dos anos de educação escolar é um
comportamento econômico racional. ‘Maximiza os lucros’ muito mais
efetivamente do que qualquer coisa que o homem de empresa mais perspicaz
pudesse imaginar.” -
mais tempo passado na escola também impede que o indivíduo tenha uma vida
útil de cinqüenta anos trabalhando; |
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mesmo uma vida útil de 45 anos de trabalho pode ser demais, sobretudo para
empregados com conhecimento; -
“A extensão dos anos de educação escolar força-nos a criar empregos que
apliquem conhecimento ao trabalho. A pessoa que sentou nos bancos das escolas
até os 18 ou 20 anos pode não ter aprendido coisa alguma. Mas adquiriu
expectativas diferentes.” -
“Ele (ou ela) espera primeiramente uma espécie de emprego diferente, um
emprego ‘próprio’ para uma pessoa que tenha o ginásio ou o colegial completo.
Esse emprego é, antes de mais nada, um emprego que pague mais. Mas é também
um emprego que ofereça maiores oportunidades. Um emprego que possibilite a
‘subsistência’ não é mais suficiente. É necessário que ofereça ‘carreira’.” |
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“A ‘explosão educacional’ posterior à Segunda Guerra Mundial alterou
radicalmente a oferta do trabalho - primeiramente nos Estados Unidos e, cada
vez mais, em todos os países industriais avançados, inclusive a União
Soviética. Impossibilitou a continuidade da estrutura de trabalho
tradicional.” -
“Devido à mudança que se operou na oferta, temor agora que criar empregos
genuínos baseados no conhecimento - quer”. |
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próprio trabalho o exija, quer não. Porque um verdadeiro trabalho baseado no
conhecimento é a única maneira de tornar produtivas as pessoas que tenham
completado o ginásio.” -
“O fato de o empregado com conhecimento ter antecedido o trabalho baseado no
conhecimento - o fato de, na verdade, o trabalho com base no conhecimento
ainda estar em grande parte por vir - é um acidente histórico. De agora em
diante, podemos esperar uma ênfase crescente nas habilidades baseadas no
conhecimento, e em especial nas habilidades baseadas no conhecimento. Os
novos empregos que se descortinam na economia parirão do conhecimento teórico
e conceptual adquirido sistematicamente e num ‘curso’.” -
“Os desafios sociais, políticos e econômicos inerentes à força de trabalho
dos países industrialmente avançados e levantados por ela são o fruto da
dinâmica do trabalho baseado no conhecimento e das necessidades do empregado
com conhecimento.” |
[1] O termo foi forjado pelo economista de Princeton, Frits Machlup, em seu livro Production and Distribution of Knowledge in the U. S. (1962).